Share the post "Bronquiolite: causas, sintomas, tratamento e como a distinguir da COVID-19?"
A bronquiolite é uma infeção respiratória muito frequente em crianças até aos 2 anos de idade, principalmente nos meses mais frios. Este ano, as unidades de saúde encontram-se com maior afluência que o habitual e, por isso, os pais devem estar informados. Conheça em seguida tudo sobre a bronquiolite e como a distinguir da COVID-19.
O que é a bronquiolite?
A bronquiolite é uma infeção viral das vias aéreas causada mais frequentemente pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR) e corresponde à principal causa de doença aguda e de internamento em crianças pequenas. Quando existe a infeção por este agente, a oxigenação do sangue da criança fica comprometida devido à inflamação e obstrução dos bronquíolos, o que leva à dificuldade respiratória.
A bronquiolite atinge sobretudo crianças até aos 2 anos, sendo o pico de incidência entre os 2 e 6 meses de idade. É mais frequente nos meses frios, nomeadamente entre Novembro e Abril.
Principais causas da bronquiolite
A principal causa da bronquiolite é o contato direto com secreções nasais infetadas, tosse ou mãos contaminadas, o que a torna muito contagiosa. Habitualmente, surge após contacto com familiares, cuidadores ou outras crianças infetadas.
Espaços fechados, com muitas pessoas e pouco arejados facilitam a infeção. É importante salientar que mesmo após um episódio de bronquiolite, é possível que a criança seja novamente infetada.
Fatores de risco
Alguns fatores podem contribuir para a gravidade da bronquiolite e complicações que possam ocorrer, nomeadamente:
- Baixo peso ao nascimento
- Crianças gémeas
- Prematuridade
- Doença pulmonar subjacente
- Doença cardíaca congénita
- Imunodeficiência
- Doença neurológica
- Exposição ao fumo do tabaco
Sintomas da bronquiolite
Os sintomas mais comuns da bronquiolite são:
- Obstrução nasal com secreções
- Tosse
- Febre
Mais tarde, pode ainda surgir:
- Tosse agravada e persistente
- Ruídos respiratórios (pieira ou “gatinhos”)
- Dificuldade ou pausas respiratórias
- Sinais físicos (“costelas marcadas” e “covinhas no pescoço”)
- Dificuldade na alimentação e hidratação
- Vómitos
- Diminuição do número de fraldas molhadas
- Irritabilidade
- Sonolência
Diagnóstico
O diagnóstico da bronquiolite é efetuado na maioria das vezes através da história clinica e exame físico da criança. No entanto, caso considere necessário, o pediatra pode ainda prescrever exames complementares de diagnóstico, tais como:
- Radiografia de tórax (para avaliação pulmonar)
- Análise de secreções respiratórias (para identificação do agente da infeção)
- Análises sanguíneas (hemograma, hemocultura e Proteína C-reativa (PCR))
- Gasimetria (avalia o equilíbrio ácido base e os níveis de oxigénio e dióxido de carbono no sangue). Está indicada em casos mais graves.
Tratamento da bronquiolite
A duração média da bronquiolite varia entre 3 a 7 dias, sendo que geralmente o prognóstico é favorável. Para crianças saudáveis, o tratamento consiste na alimentação e hidratação adequadas, controlar a febre e facilitar a respiração.
Em casos mais graves, onde a alimentação e hidratação estão comprometidas, a criança poderá ficar internada.
De modo a garantir a nutrição, pode recorrer-se à sonda nasogástrica ou ainda à administração de soro por via endovenosa. O suplemento de oxigénio humidificado é outra medida terapêutica muito importante realizada em contexto hospitalar.
De acordo com a decisão clinica, outras terapêuticas podem ser realizadas nomeadamente os broncodilatadores e a cinesiterapia (ginástica respiratória).
Como posso ajudar o meu filho/a em casa?
Em casa, os pais podem ajudar os filhos através de alguns cuidados como:
- Deixar o filho descansar o mais possível.
- Fracionar as refeições ao longo do dia. Bebés alimentados apenas com leite devem manter a amamentação/aleitação, oferecendo pequenas quantidades, mas com mais frequência. Em crianças já com alimentação sólida, deve-se privilegiar os alimentos líquidos/triturados diminuindo assim o risco de aspiração pulmonar.
- Elevar o tronco do bebé durante e após as refeições.
- Manter o nariz limpo e humidificar com nebulizações de soro fisiológico.
- A cabeceira da cama deve ser elevada.
- Vigiar frequentemente a respiração do bebé.
- Controlar a febre.
- Não contactar com o fumo do tabaco.
Bronquiolite e COVID-19: como distinguir?
Ao contrário da COVID-19, a bronquiolite causa tosse com secreções (muco) e ruído respiratório (pieira ou “gatinhos”). Estas são as principais diferenças entre ambas.
Em que situação se deve recorrer ao pediatra?
Os pais devem recorrer ao pediatra em caso de:
- Febre superior a 39ºC
- Dificuldade respiratória
- Ingerir menos de metade da quantidade habitual em 2 ou mais refeições
- Vomitar frequentemente e em grande quantidade
- Recusar a alimentação ou ingestão de líquidos durante mais de 4-6 horas
- Urinar pouco (fralda seca por mais de 12 horas)
- Se a criança tem outras condições de saúde associadas (doença pulmonar, cardíaca congénita, neurológica ou imunológica)
Emergência médica
Os pais devem recorrer imediatamente à emergência médica (ligar 112) em caso de:
- Muita dificuldade em respirar ou com pausas respiratórias
- Palidez ou cianose (lábios cinzentos/azulados)
- Sonolência excessiva ou prostração (dificuldade em acordar a criança)
Como prevenir a bronquiolite?
A bronquiolite pode ser prevenida através de:
- Lavagem frequente das mãos
- Evitar locais com muita gente
- Não fumar nem deixar fumar em locais onde a criança esteja
- Sociedade Portuguesa de Pediatria (2012). Bronquiolite. Disponível em: https://www.spp.pt/UserFiles/file/Publicacoes_Curso_Verao_2012/Bronquiolite_Texto_Apoio.pdf
- Direcção-Geral da Saúde (2020). Bronquiolite aguda. Disponível em: http://criancaefamilia.spp.pt/media/128777/Folheto_bronquiolite-aguda_DGS.pdf