Nutricionista Ângela Fiúza da Rocha
Nutricionista Ângela Fiúza da Rocha
12 Out, 2016 - 11:47

O que precisa saber acerca do botulismo!

Nutricionista Ângela Fiúza da Rocha

O botulismo é uma forma rara mas grave de intoxicação alimentar! Saiba mais acerca deste assunto.

O que precisa saber acerca do botulismo!
O botulismo é um doença bacteriana infecciosa rara, não contagiosa, grave, provocada pela ação das toxinas produzidas pela bactéria Clostridium botulinum.

Essas toxinas são neurotoxinas que provocam lesões nervosas. 
 

CLOSTRIDIUM BOTULINUM

É um género de bactérias anaeróbias (não necessitam de oxigénio para viver), que podem estar presentes em qualquer local, mas mais facilmente encontradas no solo, em sedimentos de lagos e mares, nos intestinos de peixes e crustáceos, produtos agrícolas, mel e outros alimentos.

Sob a forma de esporos, as Clostridum botulinum são muito resistentes ao calor, podendo sobreviver até temperaturas de 100ºC durante aproximadamente cinco horas.

Quando as condições ambientais adequadas estão presentes, os esporos conseguem germinar e evoluir para a forma vegetativa, sendo capazes de se multiplicarem e produzirem toxinas. 
 

TOXINA BOTULÍNICA

São conhecidos oito tipos de toxina botulínica: A, B, C1, C2, D, E, F e G, das quais as do tipo A e B são as mais tóxicas para o ser humano.

A toxina botulínica não tem cheiro nem sabor, o que torna imperceptível perceber se o alimento está contaminado. No entanto, quando ingerida, a toxina botulínica não consegue resistir ao ácido do estômago e às enzimas envolvidos no processo digestivo, absorvida no trato gastrointestinal alcança a circulação sanguínea e viaja até aos nervos, onde bloqueia a ação dos neurotransmissores responsáveis pelos movimentos musculares, resultando em paralisia flácida dos músculos.

A toxina botulínica passou a ser utilizada pela medicina para pacientes cuja paralisia controlada de alguns músculos se mostrava benéfica.

Contudo, para ser administrada de modo seguro, foi necessário primeiramente, isolar e purificar a toxina para que esta pudesse ser sintetizada. Foi daí que surgiu o Botox.
 

TRANSMISSÃO DE BOTULISMO E SINTOMAS

Existem três formas de se adquirir botulismo:


1. Botulismo Alimentar


A transmissão ocorre pela ingestão de alimentos contaminados com a bactéria que, como se prolifera em ambientes isentos de oxigénio, pode estar presente nos enlatados.

Os alimentos comumente contaminados são os vegetais em conservas caseiras, carnes de porco e presunto, peixes defumados ou crus, mel, entre outros.
 

Os sintomas começam tipicamente algumas horas após a toxina entrar no organismo. São eles:

  • Dificuldade em deglutir ou falar;
  • Dificuldade em respirar;
  • Xerostomia (boca seca);
  • Fraqueza facial e paralisia;
  • Visão turva ou dupla;
  • Pálpebras caídas;
  • Náuseas, vómitos, diarreia e cólicas abdominais.
A gravidade do quadro depende da quantidade e do tipo de toxina (A e B, mais graves), ou seja pode variar desde um quadro leve, apenas com sintomas intestinais e um mínimo de acometimento dos nervos cranianos, até uma doença fulminante, com óbito em apenas 24 horas.

A paralisia respiratória ocorre em 30 a 50% dos casos. O internamento pode ir de, no mínimo um mês até três meses. 
 
 


2. Botulismo por ferimentos

botulismo por ferida

Esta forma de transmissão ocorre pela contaminação de feridas com o Clostridium botulinum proveniente do ambiente, geralmente do solo. As principais vias de entrada são a presença de úlceras nos membros, lesões traumáticas ou mesmo feridas cirúrgicas.

O botulismo também pode ser contraído através do uso de drogas injetáveis, como heroína, ou drogas aspiráveis, como cocaína.

Os sintomas são semelhantes ao botulismo alimentar, exceptuando o período de internamento, mais longo e, ausência de sintomas gastrointestinais.
 
 


3. Botulismo infantil

botulismo infantil

É o tipo mais comum da doença e costuma acometer crianças de aproximadamente dois a seis meses de idade.

Geralmente ocorre aquando do consumo de mel contaminado pela Clostridium botulinum. Contudo, a grande quantidade de açúcar presente no mel impede a transformação dos esporos para a sua forma vegetativa (ativa), não havendo produção de toxinas.

Após a ingestão, ao chegar aos intestinos, os esporos encontram um meio mais propício para ficarem ativos, multiplicando-se e produzindo toxinas. 

Se estiver relacionado com a ingestão de alimentos contaminados, como o mel, os sintomas começam geralmente dentro de 18 a 36 horas após a toxina entrar no corpo do bebé:

  • Obstipação;
  • Movimentos flexíveis, devido à fraqueza muscular e dificuldade para controlar a cabeça;
  • Choro fraco;
  • Irritabilidade;
  • Prostração;
  • Baba excessiva;
  • Pálpebras caídas;
  • Dificuldade de sucção ou alimentação;
  • Paralisia.


TRATAMENTO

O principal objetivo do tratamento de botulismo é controlar o sintomas e evitar eventuais complicações. A hospitalização é exigida na maioria dos casos, pois se o paciente apresentar um déficit respiratório deve ser transferido para uma unidade de cuidados intensivos e pode ser, temporariamente ligado a um respirador artificial. Também poderá ser necessária uma alimentação por via endovenosa.
 
Existe um antídoto para a toxina botulínica, chamado soro antibotulínico (SAB). Este tratamento só atua contra a toxina circulante no sangue, ou seja, contra aquelas que ainda não se fixaram aos nervos. Sendo assim, quanto mais precocemente o soro antibotulínico for administrado, maior será a sua eficácia.

O processo de recuperação pode ser lento e e vai depender da reação de cada paciente, assim como cada organismo recebe o tratamento de uma forma, não existindo indicações de um tratamento único que possa atender a todos os pacientes.

O internamento é essencial para que o paciente esteja sempre em observação pela equipa médica.
 

COMO PREVENIR O BOTULISMO

  • Não consumir alimentos cujo conteúdo líquido se apresente turvo;
  • ​Não consumir alimentos cujo vidro se apresente turvo;
  • Não consumir alimentos cuja lata ou tampa se apresentem enferrujadas;
  • Apenas consumir mel de proveniência conhecida e nunca dar a uma criança com menos de um ano de idade;
  • Ferver os alimentos enlatados antes do seu consumo.


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