Os bicos de papagaio acontecem quando os osteófitos aparecem entre as vértebras da coluna causando episódios de dor intensa nas costas e sensação de formigueiro nas pernas e braços. A este problema dá-se o nome de osteofitose. Bicos de papagaio acaba por ser o nome mais comum entre a população, uma vez que quando este problema está presente, observa-se na radiografia pequenos “ganchos” que são as vértebras e os osteófitos que parecem literalmente bicos de um papagaio.
Apesar do nome engraçado, a doença é complicada e vai piorando com o passar dos anos, não existindo uma cura definitiva, apesar de diversos tratamentos conseguirem aliviar a dor.
Como aparecem os bicos de papagaio?
Entre os ossos, nas extremidades que se articulam entre si, existe uma cartilagem articular rica em tecido conjuntivo elástico. Esta cartilagem é rica em líquido sinovial, responsável por lubrificar as articulações facilitando assim os nossos movimentos e permitindo que tenhamos articulações saudáveis e sem desgaste.
No entanto, com o passar dos anos é comum algumas pessoas desenvolverem uma osteoartrose, uma doença que atinge a cartilagem articular, criando uma diminuição da sua formação, o que leva a um défice de colagénio e da própria cartilagem. Como há um desgaste desta, a extremidade dos ossos acaba por reagir, fazendo crescer excrescências ósseas, que quando calcificam, têm o nome de osteófitos. Estes osteófitos são os bicos de papagaio.
Sempre que há formação destes osteófitos, há também fenómenos de inflamação articular, responsáveis pelos episódios de dor e aumento de volume das articulações.
As principais causas dos bicos de papagaio
Má postura é a palavra chave quando falamos das causas dos bicos de papagaio. Devido ao envelhecimento e a más posturas ao longo dos anos, acontecem estes desgastes nos discos intervertebrais que fazem as vertebras se aproximarem, criando os osteófitos.
No entanto, também podem ser consequência de diversos problemas tais como hérnias, artroses, escolioses e cifoses ou mesmo doenças autoimunes.
Tende a acontecer maioritariamente em pessoas com mais de 45 anos, em pessoas com excesso de peso e que não pratiquem exercício físico. A hereditariedade tem um peso grande nesta doença também.
Quais são os principais sintomas dos bicos de papagaio?
Alguns dos sintomas que indicam a presença de bicos de papagaio são:
- Dor forte localizada nas costas ou que irradia até à coxa, principalmente quando se movimenta;
- Sensação de formigueiro nas pernas, quando se desenvolve na região lombar, ou nos braços, caso se localize na cervical;
- Diminuição da força muscular.
Importante dizer que o diagnóstico só pode ser feito por um médico, com recurso a um raio-X da coluna vertebral ou a uma ressonância magnética.
Através destes exames, o médico deteta o desgaste do disco intervertebral, a aproximação entre as vértebras e a formação de proeminências na região lateral das vértebras semelhantes aos bicos de papagaio. Por isso, caso sinta estes sintoma, ou apenas um deles, marque uma consulta com o seu médico de família que saberá aconselhá-lo e encaminhá-lo para um tratamento eficaz.
Como evitar os bicos de papagaio?
Para evitar a formação dos osteofitos é importante ter alguns cuidados, tais como:
- Manter uma postura correta ao sentar, andar e dormir;
- Evitar pegar em cargas elevadas;
- Ter sempre um peso adequado ao longo da vida;
- Fazer uma dieta equilibrada com as quantidades essenciais de cálcio para o organismo;
- Ingestão de pelo menos 1,5L de água por dia;
- Praticar atividade física regular, principalmente exercícios com pouco impacto, tais como hidroginástica, pilates ou andar de bicicleta.
Existe tratamento para os bicos de papagaio?
Infelizmente não há um tratamento que se diga 100% eficaz contra os bicos de papagaio. No entanto, deve ser uma doença controlada pelo médico de forma a melhorar a qualidade de vida do doente.
Para aliviar a dor e desconforto que este problema causa, o médico pode recomendar o uso de analgésicos e anti-inflamatórios. No entanto, a postura correta em todos os momentos do dia-a-dia é muito importante para evitar o agravamento da doença. A par com a postura, também a prática regular de exercício físico é considerada o “medicamento” mais eficaz nestes casos.
Em alguns casos pode ser necessário fazer fisioterapia até quatro vezes por semana para melhorar a postura e diminuir a dor sentida, sendo que em casos mais graves, pode ser mesmo necessário o recurso a uma cirurgia para corrigir o desalinhamento da coluna. Também quando o doente apresentar danos neurológicos súbitos juntamente com dores intensas, este procedimento é ponderado.
No entanto, a mudança de hábitos e a implementação de uma rotina mais saudável, ajuda a melhorar os sintomas bem como a evitar o agravamento desta doença.