A comunicação afetuosa, que inclui o beijar, tem sido sobejamente estudada e considerada de grande importância. Contudo, apesar de até hoje os cientistas ainda não terem conseguido explicar de forma conclusiva a origem do beijo humano, a verdade é que o beijo existe em diferentes espécies e era uma realidade também para os nossos antepassados.
Através do beijar, manifestamos compromisso relacional e satisfação. O beijo é uma forma de expressar e reforçar sentimentos de confiança, proximidade e intimidade com o outro. É uma expressão de abertura e confiança.
Relacionamentos de longo prazo bem-sucedidos são caracterizados pela presença de afeto físico. Os casais mais felizes demonstram alguma forma de afeto físico durante toda a duração de seu relacionamento, inclusive na vida tardia. Quanto mais um casal se beija mais feliz é e mais qualidade tem o relacionamento.
De facto, o simples ato de beijar alguém frequentemente parece ser mais do que apenas uma demonstração de amor: pode trazer ganhos ao nível da saúde, da ansiedade, e do relacionamento. Assim, embora existam muitos prazeres óbvios obtidos através de um beijo, há também alguns benefícios notáveis para a saúde, apoiados pela ciência.
Beijar faz bem à saúde?
Num recente e interessante estudo, os investigadores queriam entender em que medida o aumento da frequência com que os parceiros românticos se beijavam se relacionava com os seus indicadores gerais de stress e bem-estar.
Para descobrir tal relação, estudaram vários casais que viviam juntos, por um período de 6 semanas. A metade dos casais da amostra foi instruído que durante esse período se beijassem com mais frequência do que o habitual. Inicialmente poderiam reservar alguns minutos por dia especificamente para beijar, e com o passar do tempo esse comportamento iria tornar-se mais rotineiro e natural. O essencial era que se beijassem com mais frequência e por períodos mais longos de tempo do que o que faziam até então.
Através deste estudo, foram obtidos resultados muito interessantes em relação à satisfação com o relacionamento, stress, e surpreendentemente, níveis de colesterol. Ao longo do período de seis semanas os participantes que aumentaram a frequência do beijar relataram sentir: níveis mais baixos de stress; níveis mais elevados de satisfação com o relacionamento; maior intimidade; menos discussões e conflitos. Para além destes dados animadores, as avaliações fisiológicas destes participantes mostraram uma redução dos níveis de colesterol.
Para além disso, o ato de beijar faz com que o nosso sistema imunitário fique reforçado, na medida em que aumenta a sua atividade. Através deste contacto físico transmitimos vírus, promovendo uma espécie de defesa e um fator de equilíbrio homeostático entre nós e o ambiente.
Como conclusão…
Beijar diminui o cortisol, a hormona do stress, e aumenta os níveis de serotonina, responsável por manter o humor. Liberta oxitocina, conhecida como a hormona do amor, o que provoca uma sensação de calma. Ao reduzir as hormonas do stress, permitimos que o nosso corpo se concentre na cura de quaisquer processos fisiológicos que sejam exacerbados pelo stress, contribuindo para uma saúde mental e um comportamento mais positivos. Para além disso, traz inúmeros benefícios aos relacionamentos e diminui os níveis de colesterol indesejado.
Estas descobertas dão um novo significado ao termo “relacionamento saudável”. Beijar é um ato muito mais importante do que se pode pensar e o beijo pode melhorar tanto os relacionamentos íntimos quanto a saúde, melhorando a resposta ao stress e, quem sabe, reduzindo o risco de doença cardiovascular.
Se está num relacionamento já sabe o que deve fazer: beije com frequência. Da próxima vez que estiver mais ansioso considere reservar algum tempo para beijar sua cara-metade e quem sabe se, no futuro, beijar possa ser adicionado à lista das recomendações para um estilo de vida mais saudável.