Os banhos de gelo são frequentemente utilizados como meio de recuperação muscular.
A fadiga muscular é um dos fatores que influencia o rendimento em atletas, ou quem tem o exercício físico como uma rotina diária e muitas vezes se depara com as dores musculares que comprometem o treino ou competição.
Além disso, a existência de fadiga muscular pode aumentar a predisposição para uma série de lesões músculo-esqueléticas.
Existem vários métodos para auxiliar a recuperação muscular sendo um deles os famosos banhos de gelo, frequentemente realizados após jogos, entre treinos e competições.
Recuperação muscular
A recuperação muscular após treino é um dos fatores para determinar um processo consistente e de evolução na prática de exercício físico, e no caminho para o sucesso.
Após o treino, a recuperação muscular consiste em restabelecer os sistemas do corpo, proporcionando equilíbrio e a prevenção de lesões, mantendo estáveis as condições internas do organismo.
Várias estratégias são adotadas no desporto com o intuito de acelerar o processo de recuperação muscular após-exercício, como é o exemplo da:
- recuperação ativa;
- crioterapia;
- massagem desportiva;
- terapia de contraste térmico;
- hidroterapia;
- alongamento;
- terapia de oxigênio hiperbárico;
- anti-inflamatórios, analgésicos;
- electroestimulação.
Um dos parâmetros para determinar a recuperação muscular é a concentração de lactato que se encontra nos músculos após exercício físico intenso.
O lactato é um metabolito produzido pelo organismo devido à realização de trabalho muscular intenso. Quando formado nos músculos é denominado de ácido lático, após ser transportado para a corrente sanguínea passa a ser chamado de lactato.
O organismo busca esta energia em fontes alternativas, produzindo então o lactato. A acumulação desta substância nos músculos pode gerar uma hiperacidez, que causa dor e desconforto após o exercício.
Banhos de gelo – crioterapia
Crioterapia é o nome dado ao tratamento através do frio e abrange uma grande quantidade de técnicas específicas utilizando o frio, com o objetivo de retirar o calor do corpo. Ao induzir um estado de hipotermia, favorece uma redução da taxa metabólica local, promovendo assim uma diminuição das necessidades de oxigénio pela célula.
O efeito inicial da crioterapia traduz-se na redução da temperatura local das diferentes partes do corpo, a qual influencia as propriedades neuromusculares, incluindo velocidade de condução nervosa, propriocepção e função muscular.
Na prática desportiva, a crioterapia de imersão (ou banhos de gelo) consiste na colocação de determinada quantidade de gelo num balde com água (normalmente com temperatura inferior a 15º C) ou em banheiras específicas para os banhos de gelo, onde os atletas mergulham os seus segmentos corporais por quantidades de tempo variáveis (normalmente entre 15 a 20 minutos).
Banhos de gelo: eficazes ou não?
Vários estudos têm sido realizados ao longo dos anos relativamente aos efeitos da crioterapia de imersão na recuperação muscular após exercício e comprovam que a crioterapia de imersão não acelera a velocidade de remoção do lactato sanguíneo após exercício, mostrando-se, inclusive, menos efetiva que o repouso ou recuperação ativa.
Embora não sejam encontradas evidências de que a crioterapia de imersão altere parâmetros fisiológicos como a concentração de lactato ou melhore o desempenho subsequente, as sensações de bem estar e relaxamento muscular relatadas por uma série de atletas podem estar relacionadas a outros efeitos comprovados da crioterapia como o efeito analgésico que este demanda.
Quando os banhos de gelo são feitos em períodos em que existem competições em curto espaço de tempo, esta técnica pode não ser benéfica quanto à performance do atleta. Isto porque ocorre uma diminuição do metabolismo pela diminuição da demanda energética e de oxigénio do local, promove-se a vasoconstrição e, consequentemente, a diminuição da performance.
No entanto, outro método denominado de contrast water que se caracteriza por períodos alternados entre banhos quentes com banhos de gelo parecem ter efeito benéfico quanto à recuperação muscular, causando um efeito analgésico e uma diminuição do desconforto muscular e da inflamação associada.
Conclusão
Efetivamente, os banhos de gelo não aceleram a recuperação muscular, no entanto a sensação de relaxamento e bem-estar parece estar associada aos benefícios desta técnica.
A recuperação ativa tem-se mostrado bastante benéfica nesta área pois acelera a velocidade de remoção do lactato do músculo e da circulação sanguínea.
Por fim, é importante perceber que uma boa recuperação muscular depende de vários fatores, desde todo o planeamento das sessões de treino e competições, alimentação, sono, recuperação ativa e hidratação. Daí ser tão importante o acompanhamento de pessoas especializadas para que estudem, programem e apliquem os melhores métodos de forma racional.