Baby led weaning é um método alternativo de introdução complementar de alimentos. Esta abordagem tem vindo a ganhar popularidade em alguns livros, websites e blogues, no entanto a evidência científica desta prática é limitada.
Em que consiste o baby led weaning?
O Baby led weaning é uma abordagem alternativa à introdução complementar de alimentos sólidos em crianças, onde estas alimentam-se por elas mesmas, com as próprias mãos, de todos os alimentos desde o início da alimentação complementar. É entendido como um desvio dos métodos tradicionais de introdução complementar de alimentos e contrasta com as recomendações das sociedades pediátricas de iniciar com purés, sopas e papas com a ajuda de uma colher e no ritmo estabelecido pelos pais (1, 2).
Neste método os bebés apresentam controlo total da sua alimentação e estabelecem o ritmo da mesma. Os defensores desta abordagem referem que quando aplicada, os bebés desenvolvem melhor a autonomia e autorregulação da alimentação, diminuindo o risco de desenvolver obesidade e desenvolvendo uma relação mais saudável com os alimentos (2, 3).
Baby led weaning: quando iniciar?
A abordagem do baby led weaning é realizada entre os 6 e os 9 meses, uma vez que a criança já tem a capacidade de estar na posição sentada, com reflexos de extensão e controlo da cabeça.
Nesta fase já apresentam movimentos de mastigação, abrem a boca em contacto com a comida e engolem-na, exploram as diferentes texturas, surgem os primeiros dentes e aparecem a coordenação motora fina e o aperto “em pinça”, sendo capazes de agarrar e levar os alimentos à boca (1).
Baby led weaning: como iniciar?
Os alimentos apresentados devem ser adequadamente preparados em pedaços pequenos e moles para facilitar a alimentação feita pela própria criança, sem a ajuda de talheres e adultos.
O baby led weaning destaca que os bebés devem ser apresentados a uma grande diversidade de alimentos sólidos, permitindo que escolha o quê, quando e quanto comem, compartilhando as refeições preparadas pela família, observando e aprendendo (2, 3).
Vantagens do baby led weaning
A autoalimentação promovida pelo baby led weaning apresenta potenciais benefícios teóricos, tais como (1, 2, 3, 4):
- Reforço dos laços familiares durante a refeição;
- Aumento da autonomia do bebé;
- Coordenação e desenvolvimento motor;
- Desenvolvimento da fala;
- Controle do apetite e auto-regulação da ingestão alimentar – reduzindo a possibilidade de desenvolver excesso de peso;
- Encorajamento da ingestão de alimentos saudáveis – promovendo hábitos alimentares saudáveis;
- Motivação para a ingestão de hidratos de carbono complexos e não de açúcares;
- Diminuição do consumo de produtos processados;
- Melhor aceitação das texturas dos alimentos.
Analisando os benefícios descritos, o baby led weaning é considerado pelos seus defensores, um método mais fácil de introdução de alimentos sólidos para os pais, diminuindo o estado de ansiedade por parte dos mesmos (1).
Desvantagens/preocupações do baby led weaning
Discutir os riscos teóricos associados a este método, torna-se mais importante do que as suas vantagens, uma vez que estes podem ser graves se a sua implementação não for adequada e supervisionada.
Destacam-se as seguintes preocupações a considerar (1, 2, 3, 4):
- Aumento do risco de asfixia – muitas vezes confundido pelos pais como náusea;
- Inadequada ingestão energética;
- Ingestão insuficiente de nutrientes – levando a subnutrição e consequentemente atraso no crescimento;
- Baixa ingestão de ferro – desenvolvendo anemias, devido à baixa ingestão de produtos fortificados em ferro (por exemplo, farinhas lácteas).
Baby led weaning: pontos importantes a considerar
Caso esteja a equacionar esta prática de introdução complementar de alimentos, deverá ter em conta os seguintes pontos (3):
- Assegurar que o seu bebé tenha mais de 6 meses e que esteja preparado para a autoalimentação;
- Nunca deixar o seu bebé a comer sem a sua supervisão;
- Certificar-se que o seu bebé está sentado corretamente (posição vertical) ao comer;
- Não interferir com o ritmo da alimentação;
- Introduzir alimentos cozinhados/moles (por exemplo, legumes cozidos);
- Evitar alimentos que aumentem o risco de engasgamento (por exemplo, frutos secos, uvas, bolachas, vegetais crus);
- Oferecer alimentos ricos em ferro a todas as refeições (por exemplo, carnes, ovos ou leguminosas);
- Oferecer uma grande variedade de alimentos;
- Evitar alimentos processados e alimentos com adição de sal e/ou açúcar.
De qualquer forma, os pais dispostos a seguir este tipo de abordagem devem apresentar um elevado conhecimento nutricional, nomeadamente na preparação dos alimentos de forma a que estes sejam seguros, saudáveis, adequados e nutritivos.
Uma vez que a qualidade metodológica dos estudos sobre o baby led weaning é geralmente muito baixa, tornando a evidência científica limitada e ambígua, é importante que recorra à opinião de um pediatra ou de um nutricionista antes de iniciar a introdução complementar de alimentos, tendo em vista garantir o correto crescimento e desenvolvimento do bebé.
Veja também:
- Alimentação do bebé por idade: tudo o que precisa de saber
- Legumes e frutas para bebés: quando e como introduzir na alimentação?
- Alimentos proibidos antes do primeiro ano de vida
- Técnicas para introduzir novos alimentos a bebés
Fontes
1. Romero-Velarde, E. et al. (2016). Guidelines for complementary feeding in healthy infants. Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2444340917000401
2. Pesch, M. et al. (2019). Baby-led weaning: Introducing complementary foods in infancy. Disponível em:
https://www.contemporarypediatrics.com/pediatrics/baby-led-weaning-introducing-complementary-foods-infancy
3. Anderson, L. et al. (2019). Practical tips for paediatricians: Baby-led weaning. Disponível em:
https://academic.oup.com/pch/advance-article-abstract/doi/10.1093/pch/pxz069/5506903?redirectedFrom=fulltext
4. D’Auria, E. et al. (2018). Baby-led weaning: what a systematic review of the literature adds on. Disponível em:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29724233