Mónica Carvalho
Mónica Carvalho
23 Dez, 2016 - 15:43

Ataques de pânico: aprenda a controlá-los

Mónica Carvalho

Provoca um medo quase incontrolável e pode ser confundido com um enfarte. Saiba como agir perante um ataque de pânico.

Ataques de pânico: aprenda a controlá-los

Os ataques de pânico são desencadeados por um medo intenso, inesperado e sem razão aparente, que cria um estado de ansiedade extremo, acompanhado por sintomas físicos, semelhantes aos de um enfarte e que leva o doente a pensar que vai morrer.

Como Charles Darwin ressaltou, as emoções são fundamentais à sobrevivência da espécie e o medo em particular permite aos animais (como o ser humano) terem soluções imediatas para as ameaças com que são confrontados.

No entanto, este medo pode ser levado a um limite, como acontece com os ataques de pânico.

Este transtorno psicológico que se manifesta em episódios bruscos e inesperados, de medo intenso de perder o controlo, de que algo horrível vai acontecer e até de morrer, podem durar entre 10 a 30 minutos e são acompanhados de sintomas físicos que podem confundir-se com os de um enfarte e podem aparecer de forma totalmente inesperada.

Imagine que vai na rua, ou está em casa, sentado no sofá a ver televisão e de repente o coração dispara, tem tonturas e um terrível medo de morrer, uma angústia inexplicável e incapacitante…

… Sabe que algo horrível vai acontecer, mas não há nenhuma razão lógica para isso. Não vem ninguém atrás de si, não está a ter um AVC, nem sequer estava a pensar em nada particularmente ameaçador.

É isto um ataque de pânico: a reação do corpo a um perigo que não é real. 


Como se desencadeia um ataque de pânico?

O sistema nervoso autónomo (SNA) controla as várias acções que o corpo gere sem ter consciência disso mesmo, nomeadamente respirar, digerir, bombear sangue e o ato de se sentir excitação e animado.

Uma das três partes que o compõe, o sistema nervoso simpático, ajuda a ativar a resposta de luta ou fuga. Quando a amígdala regista um potencial perigo, notifica o hipotálamo que, através do sistema nervoso simpático, prepara os músculos lisos e aciona a libertação das hormonas adrenalina e noradrenalina que aceleram certas partes do corpo e abrandam outras.

Além da torrente de outras 30 hormonas desencadeada pela glândula pituitária, a resposta estimula o corpo para a acção e termina quaisquer actividades que não o ajudem a lutar ou escapar. E assim surge o ataque de pânico.


Ataque de pânico: como reage o corpo?

ataque de panico o que acontece

Dificuldade em respirar, dores no peito, palpitações, suores, tremores, enjoos, formigueiro, náuseas, e desconforto abdominal são os sintomas mais comuns. Muitos doentes isolam-se e deixam de fazer a sua vida normal com receio de um novo ataque de pânico.

Confira tudo o que acontece com o seu corpo mediante um ataque de pânico:


1. A frequência cardíaca aumenta

Bem como a força das contracções, o que aumenta a quantidade de sangue afluir para os músculos;


 


2. O fígado segrega glicose

A adrenalina incita o fígado a converter glicogénio em glicose, a fonte de energia do corpo. Esta energia é logo disponibilizada aos principais músculos/órgãos;


 


3. A glândula supra-renal produz hormonas

A medula supra-renal, na glândula supra-renal, liberta as hormonas de adrenalina (epinefrina) e noradrenalina (norepinefrina), que preparam os órgãos e músculos para a acção ou inacção, respectivamente;


 


4. Os rins abrandam a produção de urina

 


5. Os intestinos abrandam a digestão alimentar

Podendo ocorrer o vómito ou evacuação espontâneos; 


 


6. O esfíncter da bexiga contrai-se

A bexiga relaxa e o esfíncter contrai-se como parte da suspensão de sistemas desnecessários;


 


7. A visão altera-se

As pupilas dilatam-se para assimilar o máximo de informação visual;


 


8. Os brônquios dilatam-se

Para maximizar a entrada de oxigénio;


 


9. A boca fica seca

O sistema nervoso autónomo suspende a produção de saliva, um auxílio à digestão desnecessário numa situação de emergência;


 


10. A traqueia fica aberta

Um corpo em acção requer muito oxigénio, pelo que a passagem de ar deve permanecer aberta;


 


11. O estômago produz menos enzima digestiva

O que significa que, para preservar energia, o corpo adia a digestão;


 


12. Os vasos sanguíneos contraem-se/dilatam-se

Enquanto os vasos sanguíneos dos principais músculos se dilatam, para um maior afluxo de sangue, os da pele, extremidades e outras áreas contraem-se, retendo sangue.


Qual o tratamento para ataques de pânico?

O tratamento para os ataques de pânico envolvem a ação conjunta de psicoterapia com técnicas de relaxamento e de respiração.

A

primeira

tem como objetivo conhecer e compreender os conflitos psicológicos subjacentes aos ataques de pânico.

A

segunda

tem como missão tentar controlar o próprio corpo e respectivas reações no momento em que a sensação de ansiedade grave ocorre.

Nos casos mais graves, o tratamento passa por tomar tranquilizantes e antidepressivos, que não devem ser interrompidos sem vigilância médica.


Como prevenir um ataque de pânico?

respirar

Tentar controlar o próprio corpo face a um ataque de pânico pode não ser tarefa fácil, mas deixamos algumas dicas que podem ajudá-lo a ultrapassar esta situação de forma eficaz:

  • Lembre-se que o que lhe acontece não é perigoso, mas sim apenas uma reação ao stress;
  • Não lute contra estas sensações intensas, aceite-as;
  • Quando começar a sentir o ataque conte de forma decrescente a partir de 100 e de três em três números;
  • Evite falar em voz alta ou muito rápido, pois isso facilita a hiperventilação;. 
  • Evite excesso de cafeína e outros estimulantes como chá, café, chocolate ou bebidas energéticas;
  • Evite o consumo de açúcar; 
  • Coma devagar e saboreie os alimentos; 
  • Respire lentamente e observe a sua respiração, pois isto ajuda a provocar uma sensação de alívio e autocontrolo;
  • Durma o suficiente, já que as insónias favorecem a irritabilidade e o stress; 
  • Pratique uma atividade física;. 
  • Tome sempre a medicação prescrita pelo médico; 
  • Reorganize o seu tempo; 
  • Procure estar com pessoas agradáveis e evite as pessoas pessimistas;
  • Procure ajuda terapêutica.


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