Os ataques de pânico são desencadeados por um medo intenso, inesperado e sem razão aparente, que cria um estado de ansiedade extremo, acompanhado por sintomas físicos, semelhantes aos de um enfarte e que leva o doente a pensar que vai morrer.
Como Charles Darwin ressaltou, as emoções são fundamentais à sobrevivência da espécie e o medo em particular permite aos animais (como o ser humano) terem soluções imediatas para as ameaças com que são confrontados.
No entanto, este medo pode ser levado a um limite, como acontece com os ataques de pânico.
Este transtorno psicológico que se manifesta em episódios bruscos e inesperados, de medo intenso de perder o controlo, de que algo horrível vai acontecer e até de morrer, podem durar entre 10 a 30 minutos e são acompanhados de sintomas físicos que podem confundir-se com os de um enfarte e podem aparecer de forma totalmente inesperada.
Imagine que vai na rua, ou está em casa, sentado no sofá a ver televisão e de repente o coração dispara, tem tonturas e um terrível medo de morrer, uma angústia inexplicável e incapacitante…
… Sabe que algo horrível vai acontecer, mas não há nenhuma razão lógica para isso. Não vem ninguém atrás de si, não está a ter um AVC, nem sequer estava a pensar em nada particularmente ameaçador.
É isto um ataque de pânico: a reação do corpo a um perigo que não é real.
Como se desencadeia um ataque de pânico?
O sistema nervoso autónomo (SNA) controla as várias acções que o corpo gere sem ter consciência disso mesmo, nomeadamente respirar, digerir, bombear sangue e o ato de se sentir excitação e animado.
Uma das três partes que o compõe, o sistema nervoso simpático, ajuda a ativar a resposta de luta ou fuga. Quando a amígdala regista um potencial perigo, notifica o hipotálamo que, através do sistema nervoso simpático, prepara os músculos lisos e aciona a libertação das hormonas adrenalina e noradrenalina que aceleram certas partes do corpo e abrandam outras.
Além da torrente de outras 30 hormonas desencadeada pela glândula pituitária, a resposta estimula o corpo para a acção e termina quaisquer actividades que não o ajudem a lutar ou escapar. E assim surge o ataque de pânico.
Ataque de pânico: como reage o corpo?
Dificuldade em respirar, dores no peito, palpitações, suores, tremores, enjoos, formigueiro, náuseas, e desconforto abdominal são os sintomas mais comuns. Muitos doentes isolam-se e deixam de fazer a sua vida normal com receio de um novo ataque de pânico.
Confira tudo o que acontece com o seu corpo mediante um ataque de pânico:
1. A frequência cardíaca aumenta
Bem como a força das contracções, o que aumenta a quantidade de sangue afluir para os músculos;
2. O fígado segrega glicose
A adrenalina incita o fígado a converter glicogénio em glicose, a fonte de energia do corpo. Esta energia é logo disponibilizada aos principais músculos/órgãos;
3. A glândula supra-renal produz hormonas
A medula supra-renal, na glândula supra-renal, liberta as hormonas de adrenalina (epinefrina) e noradrenalina (norepinefrina), que preparam os órgãos e músculos para a acção ou inacção, respectivamente;
4. Os rins abrandam a produção de urina
5. Os intestinos abrandam a digestão alimentar
Podendo ocorrer o vómito ou evacuação espontâneos;
6. O esfíncter da bexiga contrai-se
A bexiga relaxa e o esfíncter contrai-se como parte da suspensão de sistemas desnecessários;
7. A visão altera-se
As pupilas dilatam-se para assimilar o máximo de informação visual;
8. Os brônquios dilatam-se
Para maximizar a entrada de oxigénio;
9. A boca fica seca
O sistema nervoso autónomo suspende a produção de saliva, um auxílio à digestão desnecessário numa situação de emergência;
10. A traqueia fica aberta
Um corpo em acção requer muito oxigénio, pelo que a passagem de ar deve permanecer aberta;
11. O estômago produz menos enzima digestiva
O que significa que, para preservar energia, o corpo adia a digestão;
12. Os vasos sanguíneos contraem-se/dilatam-se
Enquanto os vasos sanguíneos dos principais músculos se dilatam, para um maior afluxo de sangue, os da pele, extremidades e outras áreas contraem-se, retendo sangue.
Qual o tratamento para ataques de pânico?
O tratamento para os ataques de pânico envolvem a ação conjunta de psicoterapia com técnicas de relaxamento e de respiração.
A
tem como objetivo conhecer e compreender os conflitos psicológicos subjacentes aos ataques de pânico.
A
tem como missão tentar controlar o próprio corpo e respectivas reações no momento em que a sensação de ansiedade grave ocorre.
Nos casos mais graves, o tratamento passa por tomar tranquilizantes e antidepressivos, que não devem ser interrompidos sem vigilância médica.
Como prevenir um ataque de pânico?
Tentar controlar o próprio corpo face a um ataque de pânico pode não ser tarefa fácil, mas deixamos algumas dicas que podem ajudá-lo a ultrapassar esta situação de forma eficaz:
- Lembre-se que o que lhe acontece não é perigoso, mas sim apenas uma reação ao stress;
- Não lute contra estas sensações intensas, aceite-as;
- Quando começar a sentir o ataque conte de forma decrescente a partir de 100 e de três em três números;
- Evite falar em voz alta ou muito rápido, pois isso facilita a hiperventilação;.
- Evite excesso de cafeína e outros estimulantes como chá, café, chocolate ou bebidas energéticas;
- Evite o consumo de açúcar;
- Coma devagar e saboreie os alimentos;
- Respire lentamente e observe a sua respiração, pois isto ajuda a provocar uma sensação de alívio e autocontrolo;
- Durma o suficiente, já que as insónias favorecem a irritabilidade e o stress;
- Pratique uma atividade física;.
- Tome sempre a medicação prescrita pelo médico;
- Reorganize o seu tempo;
- Procure estar com pessoas agradáveis e evite as pessoas pessimistas;
- Procure ajuda terapêutica.