A maioria dos antibióticos não afeta a contraceção. Assim, o facto de se pensar que o antibiótico corta o efeito da pílula é, na maioria dos antibióticos, um mito.
À luz do conhecimento atual, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Royal College of Obstetricians & Gynaecologists (Reino Unido) estabelecem que os antibióticos não indutores do metabolismo não reduzem a eficácia dos contracetivos hormonais.
Durante muito tempo, postulou-se que o uso concomitante de antibióticos poderia diminuir a eficácia dos contracetivos hormonais combinados.
No entanto, vários estudos provam que os únicos tipos de antibióticos que interagem com a contraceção hormonal e a torna menos eficaz são os antibióticos semelhantes à rifampicina.
Estes podem ser usados para tratar ou prevenir doenças, incluindo tuberculose e meningite. Eles incluem:
- Rifampicina;
- Rifabutina.
Estes antibióticos são indutores enzimáticos, ou seja, têm o poder de aumentar as enzimas no organismo, podendo, de facto, afetar a contraceção hormonal.
Todos os restantes antibióticos não indutores, aparentemente, não interferem com a ação contracetiva da pílula. O que, por vezes, acontece é que estes alteram a flora intestinal e, ao causar diarreia numa hora próxima à da pílula, o efeito da mesma pode ficar comprometido.
ANTIBIÓTICO vs CONTRACETIVO ORAL
As pílulas anticoncecionais são uma forma de contraceção hormonal para prevenir a gravidez. A maioria das pílulas anticoncecionais contém duas hormonas, o estrogénio e a progesterona.
Já o antibiótico é qualquer medicamento capaz de combater uma infeção causada por microrganismos que causam infeções.
Não existem estudos robustos que provam que os antibióticos cortam o efeito da pílula. A OMS concluiu haver evidência de nível intermédio em como os antibióticos de largo espectro, não indutores enzimáticos, não reduzem a eficácia da pílula.
Assim, uma vez mais, até à data, o único antibiótico que provou ter impacto nas pílulas anticoncecionais é a rifampicina.
O facto de estar tão popularizado que o antibiótico corta o efeito da pílula, suporta-se na falta de estudos robustos e controlados, sendo normalmente adotada uma postura cautelosa. E dessa forma, recomendando-se que mulheres que tomam a pílula deveriam associar outros métodos contracetivos durante o tratamento com o antibiótico e até 7 dias após a sua interrupção.
O QUE CORTA O EFEITO DA PÍLULA?
A par da pertinência de desmistificar receios infundados de que o antibiótico corta o efeito da pílula, colocando em risco a prevenção da natalidade, tem mais relevo chamar a atenção para algumas situações que podem, comprovadamente, diminuir a eficácia dos contracetivos e às quais nem sempre é dada a devida atenção:
1. Vómitos e diarreia
Se por qualquer motivo se verificarem vómitos até 2-4h após a toma da pílula, a mesma deve ser repetida. Se houver vómitos ou diarreia persistente durante mais de 24h, devem seguir-se as recomendações gerais do esquecimento da toma.
É importante referir que perturbações gastrointestinais estão muito frequentemente associadas tanto a infeções como a antibióticos (reação adversa comum).
2. Adesão à terapêutica
É fundamental reforçar a importância da toma regular, sempre à mesma hora dos contracetivos.
3. Antibióticos indutores enzimáticos
Estes aumentam o metabolismo dos estrogénios e progestagénios e, por este motivo (e não pela atividade antibiótica), reduzem a eficácia contracetiva da maioria dos métodos hormonais. Assim, mulheres que necessitem tomar estes antibióticos devem adotar medidas contracetivas adicionais (ex. preservativo) até 7 dias após o término do antibiótico. durante e até 28 dias após o fim do tratamento com antibiótico.
Se for necessária contraceção de emergência, há que ter em consideração que a eficácia do levonorgestrel e do ulipristal pode igualmente ser reduzida por indutores enzimáticos.
Nestes casos, o recurso a métodos não dependentes do metabolismo (DIU com cobre) é o mais aconselhado, pelo que a mulher deverá ser encaminhada ao médico.