Share the post "Animais de estimação sozinhos depois da quarentena: os problemas que estão a surgir e como atuar"
Não foram só as pessoas que “sofreram” com o confinamento em casa durante o Estado de Emergência. Alguns pets manifestaram problemas comportamentais durante este período e, agora, no período de desconfinamento, existe uma grande preocupação acerca de outro tipo de problemas comportamentais com os animais de estimação sozinhos.
Os problemas durante o confinamento
Será caso para dizer que os problemas comportamentais já começaram durante o confinamento. Quando foi declarado Estado de Emergência devido à pandemia, grande parte da população deixou de trabalhar ou passou a trabalhar em casa (teletrabalho), o que causou grande alteração nas rotinas dos cães e dos gatos.
Os animais reagiram de forma diferente a esta situação, de acordo com a sua personalidade, no entanto, em ambas as espécies, foram muitas as situações reportadas e pedidos de ajuda aos médicos veterinários relativamente a problemas comportamentais.
O caso dos cães
A maioria dos cães adora ter os tutores em casa, porém, as alterações na rotina, ainda que sejam por bons motivos, podem causar grande ansiedade nos cães.
Muitos tutores aproveitavam também os passeios com os seus cães para conseguirem sair de casa por alguns momentos, uma vez que as saídas do domicílio estavam limitadas, e mesmo os cães que estavam habituados a passeios, começaram a deixar de ter horários, “desabituando-se” a ter a sua rotina e regras.
Por outro lado, mesmo os que evitam sair de casa e tentam manter o horário dos passeios, podem ver-se perante vários pedidos por parte do cão para ir à rua, seja para passear, chamar à atenção ou simplesmente por estar mais excitado.
O facto de os tutores estarem em casa a maioria do tempo, em alguns casos até mesmo 24 horas por dia, fez com que os cães estivessem constantemente à procura de atenção, pedindo festas, carinho, comida e brincadeira.
O caso dos gatos
Os gatos têm uma personalidade mais distinta e individual, no entanto, a sua maioria, apesar de até gostar do carinho dos tutores, prezam muito o seu espaço e o tempo para si próprios – o que se tornou bastante difícil com os tutores em casa e, em alguns casos, com crianças a forçar o contacto com os felinos.
Durante estes meses de confinamento, surgiram vários casos de problemas físicos, que em gatos podem ser provocados por stress e ansiedade, como é o caso de cistites idiopáticas que podem levar a obstruções uretrais e problemas renais graves.
Animais de estimação sozinhos depois da quarentena: Os problemas que podem surgir
Como já vimos, os problemas comportamentais nos animais de companhia podem ter começado já durante a quarentena, com a quebra de horários e rotinas. Nesta fase, o “voltar à normalidade” torna-se novamente numa alteração à rotina, que ao longo destes meses de confinamento os pets se foram habituando.
O maior problema, e que já é comum, mais nos cães do que nos gatos, é a ansiedade por separação. Este problema surge devido ao laço criado entre o tutor e o animal, em que o animal se torna demasiado dependente do tutor e não consegue estar sozinho.
Esta é uma questão que já existia anteriormente e, portanto, animais que já sofriam desse tipo de problema estão ainda mais suscetíveis a piorar o seu comportamento e saúde mental. Também, quem pode sofrer mais deste tipo de problemas são os cachorros e gatihos, já que muita gente nesta fase, decidiu adotar um pet para lhe fazer companhia e muitos se habituam a esta rotina.
Os cães que estão a sofrer com problemas comportamentais devido ao desconfinamento podem apresentar sinais como:
- Urinar e defecar em casa (mesmo que já estivessem ensinados a não o fazer)
- Comer apenas com o tutor presente
- Ficar a chorar quando o tutor sai de casa
- Destruir coisas em casa durante a ausência do tutor
- Ficar demasiado excitados quando o tutor chega a casa
- Lamberem-se excessivamente, podendo em alguns casos provocar alopecia (perda de pelo) e feridas
Já nos gatos, os sinais mais comuns de stress que surgem neste período de desconfinamento são:
- Lambedura por stress, em que podem também ficar com alopécia e feridas
- Urinar e defecar fora do lugar
- Inflamações da bexiga (cistite idiopática)
Estes são alguns sinais que os animais de estimação sozinhos depois da quarentena podem exibir devido à ansiedade.
Para já ainda estão a ser realizados estudos por especialistas, acerca dos efeitos do confinamento nos animais de companhia. Espera-se uma publicação da conclusão do estudo num futuro próximo.
Animais de estimação sozinhos depois da quarentena: O que fazer?
Existem algumas coisas que pode fazer pelo seu pet para diminuir o stress e deve começar a fazê-lo o quanto antes (mesmo se ainda estiver em casa em confinamento), de forma a reduzir os possíveis efeitos no desconfinamento e quando ficarem sozinhos, como:
- Dar-lhes o seu espaço e evitar andar sempre “em cima” deles (não se esqueça das crianças).
- Começar a deixá-los sozinhos gradualmente, ainda que esteja em casa, por exemplo, colocando-os noutra divisão da casa.
- Manter as rotinas diárias ao máximo, como horários dos passeios e refeições.
- Aumentar o enriquecimento ambiental em casa, tanto esteja em casa ainda em confinamento como se faz parte das pessoas que começo a trabalhar, desta forma, o animal vai conseguir ficar entretido durante mais tempo.
- Procurar a ajuda profissional se o animal apresentar comportamentos anormais ou sinais de doença.
Royal Veterinary College – COVID 19 – the impact of isolation on pets and their owners. Disponível em: https://www.rvc.ac.uk/research/research-centres-and-facilities/rvc-animal-welfare-science-and-ethics/projects/covid-19-the-impact-of-isolation-on-pets-and-their-owners