A amniocentese consiste num exame através do qual é colhida uma amostra do líquido amniótico do útero e examinada em laboratório.
Este exame não é realizado de forma rotineira, uma vez que comporta riscos para o bebé. A amniocentese só é indicada quando há alguma suspeita de problemas no desenvolvimento do bebé. Normalmente, só é realizada a partir das 15 semanas de gravidez.
Consiste num exame diagnóstico, isto é, diagnostica com exatidão se o bebé tem alguma doença e qual a doença. Através dele, é possível detetar centenas de anomalias cromossómicas (como a síndrome de Down). Para além disto, revela com exatidão o sexo do bebé.
Quais são as doenças que a amniocentese deteta?
Através da análise do líquido amniótico é possível diagnosticar doenças genéticas ou malformações congénitas. Este exame pode detetar as seguintes patologias:
- Alterações cromossómicas (síndrome de Down, síndrome de Edward, síndrome de Klinefelter, síndrome de Turner ou síndrome de Patau;
- Doenças hereditárias no sangue (anemia falciforme, talassemia e hemofilia;
- Doenças congénitas do tubo neural (espinha bífida e anencefalia);
- Distrofia muscular;
- Fibrose quística.
Este exame também pode revelar outras informações como o sexo do bebé, presença de incompatibilidade Rh entre mãe e filho e presença de infeção.
Quando é necessário fazer?
Este exame é indicado pelo médico quando são detetadas alterações no rastreio do primeiro trimestre. A amniocentese é, normalmente, realizada após a 15ª semana de gravidez. Só deve ser realizado nesta altura, uma vez que, a partir do início do segundo trimestre, já há volume suficiente de líquido amniótico para que os médicos possam colher uma amostra adequada, comportando um menor risco para o bebé.
Existem alguns fatores de risco que podem levar o médico a suspeitar de alterações na formação do bebé:
- Idade da mulher superior a 35 anos;
- Alterações no rastreio do primeiro trimestre;
- Histórico familiar de doenças genéticas;
- Condições inadequadas para crescimento intrauterino do feto.
O médico pode desaconselhar a amniocentese no caso da mulher:
- Ter de problemas placentários, como placenta prévia (parcial ou total);
- Ter um historial de parto prematuro (antes das 34 semanas de gravidez);
- Ter uma cérvix incompetente (o tecido do colo do útero é fraco, aumentando a possibilidade de um nascimento prematuro ou um aborto).
Como é feito?
A amniocentese é um exame simples e rápido, tendo em média uma duração de 20 minutos.
É feito através da introdução de uma agulha de 12,5cm no abdómen, para atingir a cavidade uterina. A mulher grávida permanece deitada, enquanto o médico tenta identificar a localização do bebé e da bolsa amniótica, através do exame ecográfico. Após a inserção da agulha na bolsa amniótica, o médico colhe uma pequena quantidade de líquido (aproximadamente 10ml).
A introdução da agulha pode provocar um ligeiro desconforto, e depende muito da sensibilidade da mulher.
Quais são os riscos da amniocentese?
A realização da amniocentese comporta vários riscos:
- Aborto: a partir do segundo trimestre, comporta um baixo risco de aborto espontâneo – entre 1 em 300 e 1 em 500;
- Ferimento com a agulha: durante o procedimento o bebé pode mover-se e ser ferido pela agulha. No entanto, são raras as lesões graves provocadas pela agulha;
- Fuga de líquido amniótico: pode acontecer de haver perda ligeira de líquido pela vagina. Se a perda de líquido durar mais de uma semana pode provocar problemas ortopédicos no bebé;
- Sensibilização Rh: Raramente acontece que o sangue do bebé entre em contacto com o sangue da mãe. No entanto, se a mãe é Rh negativo, ser-lhe-á administrada uma injeção de imunoglobulina Rh após a realização da amniocentese;
- Infeção: em casos raros, pode provocar infeção uterina;
- Transmissão de infeção: se a mãe tiver uma infeção, esta pode transmitir-se para o bebé.
Existem sinais a ter em atenção após o exame?
Para além de sintomas que podem ocorrer após o exame como perda de líquido, sangramento ligeiro e cólicas, é aconselhável procurar o médico nos seguintes casos:
- Sangramento intenso;
- Grande perda de líquido pela vagina;
- Contrações uterinas;
- Dor abdominal ou nas costas;
- Febre (superior a 38ºC);
- Calafrios e mal-estar.