A histamina encontra-se presente na maioria dos alimentos, sendo que a concentração aumenta proporcionalmente com a fermentação, a maturação e o envelhecimento dos alimentos.
Fique, então, a conhecer os alimentos ricos em histamina e, se necessário, quais os alimentos que deve evitar e os que deve incluir na sua alimentação diária de forma a reduzir a sintomatologia associada a concentrações elevadas de histamina no sangue.
A histamina encontra-se presente na maioria dos alimentos, sendo que a concentração aumenta proporcionalmente com a fermentação, a maturação e o envelhecimento dos alimentos.
O que é a histamina?
A histamina é uma amina vasodilatadora que está envolvida em processos bioquímicos de respostas imunológicas, com funções reguladoras no trato gastrointestinal, como por exemplo na secreção de ácido gástricos, e atua ainda como neurotransmissor (1).
Os valores normais, e desejáveis, no plasma sanguíneo encontram-se entre 0,3 a 1,0 ng/mL (2). Valores mais elevados, normalmente encontrados em pessoas com intolerância ou sensibilidade à histamina, podem levar ao surgimento de sintomatologias descritas abaixo. O aumento da concentração da histamina deve-se a um aumento da acumulação de histamina e a uma diminuição do seu processo de metabolização (degradação).
Qual o problema de valores altos de histamina?
A sintomatologia associada à ingestão de pequenas quantidades de histamina normalmente ocorre em indivíduos com intolerância ou sensibilidade para esta amina. No entanto, em pessoas saudáveis pode ocorrer o desenvolvimento de fortes dores de cabeça ou rubor devido à ingestão alimentar de grandes quantidades de histamina, em oposição pequenas quantidades de histamina são de fácil tolerância.
Exceder a tolerância individual à histamina dá origem a diversos sintomas dependentes da concentração. Na tabela abaixo pode verificar os sintomas mais comuns associados à concentração de histamina (2):
Histamina (ng/mL) | Efeitos Clínicos |
0–1 | Valor de referência |
1–2 | Aumento da secreção de ácido gástrico. Aumento da frequência cardíaca |
3–5 | Taquicardia, dor de cabeça, rubor, urticária, prurido |
6–8 | Diminuição da pressão arterial (podendo levar a um quadro clínico de hipotensão) |
7–12 | Broncospasmos |
≈100 | Paragem cardíaca |
Alimentos ricos em histamina: o que evitar
A histamina e outras aminas biogénicas estão presentes em muitos alimentos, e a sua presença aumenta com o aumento da maturação ou fermentação dos alimentos.
Para ocorrer a formação destas aminas nos alimentos é necessário existir aminoácidos livres, microrganismos e condições que permitam o crescimento microbiológico e atividade enzimática.
As bactérias e algumas leveduras são as principais responsáveis pela produção de histamina, pelo que os alimentos fermentados como o vinho, o queijo curado, chucrute, e a carne processada ou alimentos estragados apresentam altas concentrações de histamina (3).
Como já referido anteriormente, produtos fermentados e amadurecidos apresentam quantidades de histamina consideráveis. Na lista abaixo estão descritos alguns destes produtos (4).
- Bebidas alcoólicas
- Queijos maturados, queijo processado
- Peixe congelado
- Alimentos enlatados (em conserva) – nomeadamente peixe enlatado como a cavala, a sardinha, o atum e o chucrute
- Enchidos e fumados
- Leguminosas – por exemplo a soja, o grão de bico e o amendoim
- Vinagre
- Pickles
- Iogurtes
- Chocolate e cacau em pó
- Chá
- Espinafres, tomates, bananas, cerejas, beringela, abacate
- Molho de soja e molho inglês
- Extrato de levedura
Além dos alimentos ricos em histamina, muitos alimentos, como alimentos cítricos, quando ingeridos pensa-se que são capazes de provocar a libertação de histamina, mesmo que eles próprios contenham na sua constituição pequenas quantidades de histamina (2).
Alimentos como morangos, clara de ovo, mariscos e alguns aditivos (p. ex., tartrazina) e conservantes (p.ex., benzoatos) alimentares também estão incluídos no grupo de alimentos que são capazes de estimular a liberação de histamina.
Pode-se suspeitar de intolerância ou sensibilidade à histamina quando se descartar uma causa alérgica (3).
Na tabela abaixo encontram-se uma lista de alguns alimentos que são capazes de provocar libertação de histamina (2):
Origem Vegetal | Origem Animal | Outros |
Frutos cítricos | Peixe | Aditivos Alimentares Artificiais |
Papaia | Crustáceos | Licores |
Ananás e Abacaxi | Carne de Porco | Especiarias (canela, pimenta, cravo) |
Frutos Oleaginosos | Clara de Ovo | |
Feijão e Ervilhas | ||
Cacau e Chocolate |
Alimentos ricos em histamina: o que comer
Uma das formas de gerir a intolerância à histamina é recorrendo à evicção da mesma na dieta, sendo que não existem dietas sem histamina, mas sim dietas com baixo teor em histamina. Assim, pessoas com intolerância à histamina devem privilegiar a ingestão de alimentos e bebidas com baixo teor de histamina.
Alimentos e bebidas com baixos níveis de histamina incluem:
- Carne e peixe (frescos ou ultracongelados)
- Gema de ovo
- Legumes e frutos frescos – com a exceção dos tomates, beringelas, abacate, frutos cítricos, morangos e cerejas
- Verduras folhosas, com a exceção dos espinafres
- Leite pasteurizado e produtos lácteos frescos
- Massa, arroz, pão, bolachas e quinoa;
- Manteiga
- Bebidas vegetais
- Infusões que não incluam na sua constituição chá verde, preto ou mate
- Azeite e outras gorduras vegetais
Nota final
Por fim, caso note que poderá apresente sensibilidade ou intolerância à histamina, deve incorporar na sua alimentação diária alimentos que apresentem na sua constituição baixos valores de histamina, de forma a reduzir a sintomatologia associada com o consumo de alimentos ricos em histamina.
Antes de proceder a alterações da sua dieta, é recomendado que consulte um nutricionista de forma a evitar restrições excessivas que possam colocar em risco o seu estado de saúde.
- Reese, I. (2018). Nutrition therapy for adverse reactions to histamine in food and beverages. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6885995/
- Maintz, L et al. (2007). Histamine and histamine intolerance. Disponível em: https://academic.oup.com/ajcn/article/85/5/1185/4633007
- Mahan, LK et al.(2018). Krause – Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 14ª edição
- Hee Son, J et al. (2018). A Histamine-Free Diet Is Helpful for Treatment of Adult Patients with Chronic Spontaneous Urticaria. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5839887/#S1