Para fazer face às exigências da população mundial e ao crescente desenvolvimento, a indústria alimentar intensificou a agricultura e a produção animal em massa, um fator que um impacto ambiental muito negativo. Neste contexto, e para atenuar esta “pressão” ambiental, surgiu o conceito de alimentação sustentável.
De facto, a alimentação sustentável surge da preocupação com as consequências negativas do sistema alimentar moderno no ambiente e na saúde e apresenta-se como uma possível solução para alcançar um maior equilíbrio entre a produção alimentar, saúde e proteção ambiental.
Qual o impacto ambiental da alimentação atual?
Diversos estudos têm sido feitos no sentido de avaliar o impacto ambiental da produção de inúmeros alimentos e, consequentemente, delinear as melhores estratégias para uma alimentação sustentável.
Nestes estudos, verificou-se que a criação de gado gera mais emissões de gases com efeito de estufa do que os transportes e que é também uma das grandes responsáveis dos problemas ambientais atuais: alterações climáticas, degradação do solo, poluição da água, destruição da camada de ozono, entre outros.
De acordo com a FAO, o sector da agricultura contribui com 13% para a emissão global de gases com efeito de estufa induzidos pela atividade humana.
A produção de carne de vaca e leite é a principal responsável pelas emissões, muito por culpa do metano, um gás de efeito de estufa, o qual resulta principalmente do processo de digestão dos animais ruminantes e da decomposição do estrume animal.
Além disso, a criação de gado é a principal causa de desflorestação e da destruição da Amazónia.
Também no âmbito da saúde, o excesso de proteína animal é prejudicial, principalmente carne vermelha com elevado teor de gordura, visto que aumenta o risco de doenças cardiovasculares e alguns tipos de cancro.
Como fazer uma alimentação sustentável?
1. Consuma alimentos de produção local e de acordo com a sazonalidade
Os alimentos da época têm, geralmente, características nutricionais e organoléticas (sabor, odor, cor) superiores, visto que não necessitam de tanto transporte nem métodos de conservação, que emitem gases com efeito de estufa.
Por outro lado, permitem contribuir para a promoção da economia local e para a melhoria do ambiente (utilizam menos cadeias de frio, menos conservantes, entre outros fatores).
Estes alimentos também estão, habitualmente, disponíveis a um preço mais acessível.
Um exemplo claro é o caso da fruta e do pescado. Opte por produtos de origem nacional, conforme a época e com o tamanho mínimo exigido pela lei.
2. Consuma mais produtos de origem vegetal
Refeições que incluam produtos de origem vegetal (cereais integrais, leguminosas, sementes, fruta) reduzem significativamente as emissões de gases com efeito de estufa.
Contrariamente, refeições apenas à base de alimentos de origem animal, principalmente carnes vermelhas e processadas (como produtos de charcutaria e salsicharia) têm maior impacto negativo sobre o ambiente.
Neste contexto, pelo menos metade do prato deverá ser ocupado por produtos de origem vegetal e uma minoria pelos produtos de origem animal, preferencialmente peixe e carnes magras.
A Dieta Mediterrânica, que ultimamente se tem vindo a perder na sociedade atual, é um bom exemplo de alimentação sustentável, visto que promove o consumo de alimentos de origem vegetal, pouco processados e de acordo com a sazonalidade.
3. Minimize o desperdício alimentar
O planeamento antecipado das refeições diárias permite uma gestão mais eficiente do dia alimentar, dos recursos utilizados e do orçamento familiar. Assim, quando for às compras, deve fazer, previamente, uma lista e adquirir apenas os alimentos que serão consumidos.
Além disso, e sempre que possível, deve reaproveitar as sobras de outras refeições e tentar reduzir ao máximo o desperdício na preparação e confeção dos alimentos.
Neste sentido, tenha sempre em atenção a data de validade dos produtos e coloque os alimentos com a data de fim de validade mais próxima para consumir antes dos restantes.
Acondicionar convenientemente os alimentos (p.e. armazenar em local seco ou no frio) também é um fator importante para evitar que se estraguem com facilidade.
4. Economize energia
Para economizar mais energia, opte por recorrer às panelas de pressão, visto que permitem cozinhar mais rapidamente, utilizando menos recursos.
Contrariamente, deve limitar o uso de forno, visto que o consumo de eletricidade é muito elevado.
No caso de cozer em panela, deverá manter a panela tapada, enquanto cozinha e desligar o fogão pouco tempo antes do final da cozedura.
5. Minimize a utilização de embalagem e produtos embalados
Preferira embalagens familiares, ao invés de embalagens individuais e reutilize, sempre que possível, as embalagens utilizadas.
Acima de tudo, minimize o consumo de produtos embalados que pode consumir frescos (por exemplo, pão embalado, refeições já prontas, saladas).
Quando necessário, opte por embalagens mais ecológicas.
6. Adote uma dieta próxima da Dieta Mediterrânica
Como já referido anteriormente, a dieta Mediterrânica constitui um padrão alimentar que, além de ser sustentável, é também benéfico para a saúde.
Este tipo de alimentação é promotor da diversidade no consumo de alimentos e técnicas culinárias e incentiva a utilização de alimentos locais e sazonais, o que permite diminuir os custos energéticos, de tempo, embalagem e transporte inerentes à importação de alimentos.
Este Padrão Alimentar promove, ainda, a moderação no consumo alimentar, o que possibilita a redução do desperdício alimentar.
Nota final
Pela relevância que a proteção ambiental assume, é fundamental que todas as pessoas estejam consciencializadas para este assunto e que comecem a praticar, a cada dia, uma alimentação mais sustentável.