A alimentação na gravidez é de extrema importância para um normal período de gestação sendo que, se for saudável e adequada ao período de vida em causa, pode prevenir o aparecimento de possíveis complicações durante a gravidez e interferir diretamente na saúde do bebé.
O peso é um fator igualmente relevante e deverá ser monitorizado ao longo de todo o período de gestação, para prevenir eventuais complicações. O mesmo depende obviamente do padrão alimentar da grávida e a sua evolução deverá ter em conta o peso antes de engravidar.
Distribuição e aumento do peso na gravidez
O aumento de peso durante o período de gestação é fisiológico e natural.
Poderá acontecer diminuição do mesmo durante as primeiras semanas, devido aos enjoos ou alterações nesse sentido, no entanto, é suposta existir uma recuperação posterior.
O peso deve ser sempre controlado pelo obstetra e pelo nutricionista sendo que este último poderá dar indicações de como deverá ser feita a alimentação na gravidez, de acordo com o peso e todos os outros fatores inerentes à grávida e à sua evolução durante os 9 meses.
O aumento ponderal justifica-se com:
- Formação da placenta;
- Presença de líquido amniótico;
- Crescimento do bebé;
- Crescimento do tecido mamário;
- Aumento da gordura de reserva;
- Aumento do volume do útero e do sangue.
A crença de que a grávida deve comer por dois, pode favorecer o aumento de peso de forma excessiva, comprometendo a sua saúde e a do bebé.
O aumento de peso deve ser gradual e deve considerar-se o equilíbrio no sentido em que a grávida não deve ganhar peso a mais, nem a menos.
Ganho ponderal previsto na gestação
O aumento de peso previsto depende do índice de massa corporal (IMC) antes da mulher engravidar.
Consoante esse fator, estão estipulados valores de peso previstos para cada trimestre, descritos na tabela seguinte (Institute of Medicine, 2009):
Estado nutricional antes da Gestação | IMC antes da Gestação (kg/m2) | Ganho ponderal durante a gestação (kg) | Ganho de peso, por semana, no 2.º e 3.º Trimestres (kg) |
Baixo peso | <18,5 | 12,5-18 | 0,5 |
Peso adequado | 18,5-24,9 | 11-16 | 0,4 |
Excesso de peso | 25-29,9 | 7-11,5 | 0,3 |
Obesidade | >30 | 5-9 | 0,2 |
Em caso de gravidez de gémeos prevê-se um aumento de peso total de 15,9 a 20,4 kg e um aumento de 0,7 kg por semana no 2.º e 3.º trimestres.
O ideal será ter acompanhamento nutricional antes engravidar, no sentido de atingir um peso saudável que permita uma gestação sem riscos e complicações associadas.
Consequências de mau controlo do peso
Como foi referido anteriormente, a grávida não deverá ganhar peso a mais, mas também não deverá ganhar peso a menos do que está previsto.
Um inadequado ganho ponderal, superior ao expectável, traz complicações como:
- Abortos espontâneos;
- Malformações fetais;
- Diabetes gestacional;
- Pré-eclâmpsia;
- Macrossomia fetal;
- Peso elevado do bebé ao nascer, condicionando a sua saúde numa fase precoce;
- Retenção de peso e falha do aleitamento materno após o parto.
Por outro lado, um aumento de peso insuficiente está associado a um atraso do crescimento intrauterino e mortalidade perinatal.
Alimentação na gravidez e controlo de peso
Ainda que não se recomende um aumento de peso excessivo, a gravidez não é a altura ideal para gerir o peso no sentido de o tentar perder ou fazer qualquer tipo de regime de emagrecimento.
Não só por questões de peso, a alimentação na gravidez tem um papel importante no normal decorrer da mesma, no sentido em que deverão ser assegurados os nutrientes necessários à grávida e ao bebé. A grávida não deve comer por 2, ainda que as necessidades energéticas estejam aumentadas durante este período.
Deve privilegiar-se a qualidade dos alimentos e não tanto a quantidade, dando ênfase a uma dieta equilibrada e variada.
A alimentação na gravidez deve ser próxima de uma alimentação saudável, inclusive a mulher poderá não necessitar de fazer grandes alterações alimentares se já tinha cuidados prévios.
Recomendações alimentares na gravidez:
- Deve garantir a ingestão diária de cereais complexos, vegetais, fruta e consumir proteína nas porções devidas, nomeadamente carne, peixe, ovos, soja e outras leguminosas;
- Os lacticínios não deverão ser excluídos e deverá escolher sempre ultrapasteurizados para evitar toxinfeções alimentares;
- A alimentação deve ser fraccionada e deverá evitar estar mais de 3 horas sem comer;
- Evite o consumo de alimentos com grande quantidade de gordura e procure fazer confecções simples como cozidos, grelhados, assados e estufados;
- Mantenha-se hidratada: beba entre 2-3 litros de água por dia;
- Opte por fruta da época e alimentos simples, com o menor grau de processamento e industrialização possível;
- Se não tiver hipertensão ou outra complicação poderá beber café ou outros produtos com cafeína, ainda que em quantidades limitadas (200 mg/dia): máximo dois cafés por dia. Tenha em atenção bebidas energéticas, chás e chocolates;
- Limite o consumo de lacticínios não pasteurizados, enchidos e e fumados, queijos frescos e mal curados, marisco e peixe cru, peixes como espadarte, tamboril ou tintureira, patês e ainda legumes ou frutas mal lavados;
- Evite o consumo e adição de sal às refeições.
Quanto à suplementação na gravidez, a mesma é necessária para evitar malformações do feto e complicações durante e após a gestação.
Informe-se sempre com o seu médico e/ou nutricionista sobre o tipo de suplementação que deverá fazer.