Assim sendo, o planeamento da alimentação dos idosos exige um olhar abrangente sobre as necessidades nutricionais desta faixa etária e das questões relacionas com a saúde, o isolamento, as dificuldades económicas, a discriminação social, entre outros.
De facto, o envelhecimento é um processo complexo, progressivo e natural, que se caracteriza por modificações morfológicas, psicológicas, funcionais e bioquímicas que influenciam a nutrição e alimentação desta faixa etária.
É também um processo dinâmico, acompanhado por um conjunto de alterações que aumentam o risco de défices nutricionais, mais precisamente de desnutrição.
Estado nutricional no idoso
Porém, a desnutrição nos idosos é, ainda hoje, frequentemente, subdiagnosticada, podendo ser confundida com sinais de envelhecimento.
Como tal, o seu reconhecimento precoce é fundamental para uma correção adequada e atempada do mesmo e melhoria da qualidade de vida desta população.
Neste contexto, é ainda importante salientar que a evidência epidemiológica atual aponta que as consequências de inúmeras patologias associadas ao envelhecimento podem ser minimizadas por uma intervenção adequada a nível da alimentação dos idosos.
►Saiba mais sobre a desnutrição e o IMC dos idosos aqui.
Fatores que condicionam a alimentação dos idosos
Decorrente do envelhecimento natural, podem surgir algumas limitações que afetam direta ou indiretamente a ingestão alimentar e, consequentemente, no estado nutricional do idoso.
Dentro destas salientam-se:
1. Problemas de mastigação
2. Problemas de deglutição
3. Perda ou diminuição de capacidades sensoriais
4. Desenvolvimento de algumas patologias
5. Desidratação
6. Alterações gastrointestinais
Obstipação, provocada pela inadequada ingestão de líquidos e fibras, flatulência, diarreia, entre outros.
7. Patologia mental e psiquiátrica
Nomeadamente demências como o Alzheimer, em que o idoso se esquece de comer.
8. Tabaco e bebidas alcoólicas
O tabagismo pode diminuir o apetite e conduzir a desnutrição. Já o álcool pode agravar os sintomas de algumas patologias, como a hipertensão arterial, diabetes e dislipidemia e provocar prejuízo cognitivo, hepatopatia, entre outros.
9. Medicamentos
É muito comum um idoso tomar diversos medicamentos, sendo, por isso, de extrema importância ter em atenção as possíveis interações entre os diversos fármacos e a interação entre fármacos e alimentos.
Por outro lado, os medicamentos podem conduzir à diminuição da absorção e aumento da excreção de determinados nutrientes e a alterações do metabolismo, que poderão potenciar a desnutrição no idoso.
Todos estes fatores se traduzem em necessidades nutricionais particulares nesta fase do ciclo de vida.
Necessidades Nutricionais dos Idosos
Com efeito, nesta faixa etária as necessidades energéticas poderão eventualmente diminuir, devido a um decréscimo da atividade física e da consequente redução da massa muscular.
No entanto, as necessidades diárias de proteína e micronutrientes (vitaminas e minerais) mantêm-se inalteradas ou aumentadas.
No que diz respeito aos minerais, é importante salientar o cálcio, o ferro, o fósforo, o magnésio, o potássio, o selénio e o zinco, como potenciais candidatos a carência.
Relativamente à gordura, o idoso deverá evitar a ingestão excessiva de qualquer tipo de gordura, em particular as gorduras saturadas, no sentido de prevenir doenças cardiovasculares.
No entanto, a restrição de gorduras não é aconselhada para aqueles que apresentam muito baixo peso ou pouco apetite.
De facto, nestas situações, a adição de maior teor de gordura às refeições pode ser uma forma de aumentar o valor energético das refeições e de ajudar o idoso a ganhar algum peso.
Por outro lado, muitos idosos sofrem de obstipação e outros problemas intestinais. Neste sentido, e para ajudar a minimizar estes problemas, o consumo de alimentos ricos em fibras, como cereais integrais, fruta e legumes deve ser encorajado.
Todavia, uma ingestão exagerada de fibra também não é aconselhada, na medida em que pode interferir com a absorção de outros nutrientes essenciais.
Para ajudar os intestinos a funcionarem normalmente, é também muito importante beber bastante água diariamente.
Malefícios de um estado nutricional inadequado
Como já referido, nesta etapa do ciclo de vida, um estado nutricional inadequado, traduz-se, maioritariamente, em desnutrição, uma condição que contribui de forma significativa para a deterioração da capacidade física e para o aumento da morbilidade e da mortalidade.
Porém, também existem situações de obesidade, que também em idades avançadas, é indesejável, pois aumenta consideravelmente o risco de diabetes, doenças cardiovasculares, dislipidemia, entre outros.
Assim, e sendo este o grupo que apresenta uma maior taxa de crescimento na sociedade, é importante saber em que deverá consistir a alimentação dos idosos.
Alimentação dos idosos: Nutrientes e alimentos base
Os idosos, tal como a população em geral, em caso de ausência de patologia, devem seguir uma alimentação saudável e equilibrada, tanto quanto possível próxima das recomendações da Nova Roda dos Alimentos.
Assim, é importante enumerar alguns alimentos essenciais para garantir um bom aporte dos micronutrientes enumerados, assim como de proteína, hidratos de carbono e fibra, de acordo com as necessidades:
1. Cálcio
Lacticínios, hortícolas de folha verde escura, frutos secos/oleaginosos (nozes, amêndoas…).
2. Ferro
Carne (principalmente vermelha), pescado, gema de ovo, leguminosas (feijão, grão de bico …), frutos oleaginosos, hortícolas de folha verde escura.
3. Fósforo
Lacticínios, carne, pescado, gema de ovo, frutos secos, leguminosas.
4. Magnésio
Cereais e derivados pouco refinados, leguminosas, frutos oleaginosos, fruta fresca.
5. Potássio
Fruta, batata, hortícolas, leguminosas, frutos secos.
6. Selénio
Pescado, carne, cereais e derivados pouco refinados.
7. Zinco
Pescado, carne, gema de ovo, lacticínios, leguminosas, frutos secos.
10 Dicas para quando o idoso não se quer alimentar
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Evite que o idoso salte refeições e passe mais de 3h sem comer;
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Prepare-lhe refeições de pequenos volumes e nutricionalmente adequadas;
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Promova o consumo de alimentos nutricionalmente completos, ricos em proteína e fibra e pobres em açúcares, gordura e sal;
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Altere a textura dos alimentos, triturando-os ou liquidificando-os, caso o idoso tenha dificuldades de mastigação ou deglutição;
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Melhore as características organoléticas das refeições, de modo a que elas tenham mais cor, sabor, formas, texturas e aromas, para aumentar o apetite;
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Torne o momento de refeição agravável e o ambiente calmo;
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Confecione maior volume de alimento e congele as porções em recipientes individuais para que o idoso, de forma independente, possa consumi-los noutras refeições;
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Promova a ingestão de água ou infusões regularmente, mesmo que o idoso não sinta sede;
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Evite que ele consuma bebidas alcoólicas;
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Caso seja possível, pratique alguma atividade física para estimular o apetite.