Share the post "Alimentação e Alzheimer: uma relação protetora que deve conhecer"
A doença de Alzheimer é considerada a forma mais comum de demência, constituindo entre 50 a 70% dos casos. Apesar de ainda não existir cura, sabe-se que a relação entre alimentação e alzheimer pode ajudar a prevenir e/ou travar a progressão da doença.
Em que consiste a doença de Alzheimer?
A doença de Alzheimer é caracterizada por um declínio progressivo das funções cognitivas, o qual provoca uma deterioração generalizada, progressiva e irreversível de determinadas capacidades, nomeadamente a memória, atenção, linguagem, concentração e pensamento.
De facto, esta doença ocorre à medida que as células nervosas do cérebro (neurónios) vão sofrendo uma redução em tamanho e em número, implicando a perda das suas funções, que, em muitos casos, são exclusivas. Assim, quando a pessoa perde uma capacidade, muito raramente consegue voltar a recuperá-la ou reaprendê-la.
Embora pareça existir uma predisposição genética para este tipo de demência, a causa e a progressão da doença podem variar de pessoa para pessoa e, provavelmente, ser devida a um ou a mais fatores em conjunto. No entanto, sabe-se que a alimentação pode ter um papel preponderante na prevenção e combate da mesma.
O maior fator de risco para a doença é a idade, embora o sexo, a predisposição genética, o consumo excessivo de álcool e história de traumatismos crânio-encefálicos ou diabetes Mellitus também sejam fatores relevantes a considerar.
Qual a relação entre a alimentação e Alzheimer?
Como já referido anteriormente, existe uma potencial relação entre alimentação e alzheimer, que se baseia em alimentos ricos em nutrientes essenciais determinantes para travar o avanço da doença.
Além da ingestão destes alimentos, deve evitar alimentos ricos em açúcar e gorduras saturadas, praticar exercício físico e mental e minimizar os níveis de stress, visto que estes fatores parecem potenciar o aparecimento deste tipo de demência.
Alimentação e Alzheimer: nutrientes e alimentos a privilegiar
De um modo geral, os doentes com Alzheimer apresentam deficiências em vários nutrientes protetores da degeneração celular, nomeadamente selénio, vitaminas do complexo B, vitamina C, D, E e K e ácidos gordos ómega-3.
No entanto, aconselha-se a ingestão das doses diárias recomendadas para estes nutrientes através da alimentação, visto que o efeito da suplementação destes nutrientes, em alguns dos casos, é ainda controverso.
1. Vitamina C (citrinos e hortícolas)
A vitamina C parece ter uma função protetora contra o declínio cognitivo relacionado com a idade e com a doença, sendo uma vitamina importante tanto a nível preventivo como após o diagnóstico.
Tal facto deve-se ao potencial antioxidante da vitamina C e à sua importância na síntese de neurotransmissores (substâncias necessárias a uma comunicação eficaz entre neurónios e um bom funcionamento cognitivo).
Como tal, alimentos ricos nesta vitamina parecem proteger os neurónios do stress oxidativo provocado por radicais livres, substâncias que promovem o envelhecimento e deterioração das células cerebrais.
Estes radicais livres tanto podem ser produzidos naturalmente pelo organismo como introduzidos através de fontes externas como exposição solar, poluição, stress, ingestão de bebidas alcoólicas e tabaco.
No entanto, importa salientar que os resultados dos ensaios clínicos relativos ao papel protetor dos antioxidantes são ainda controversos, em particular no que diz respeito à suplementação.
O kiwi, laranja, morangos, couve portuguesa, pimento e brócolos são, então, alimentos em que deve apostar.
2. Vitaminas do Complexo B (leguminosas, cereais integrais, hortícolas e carne, peixe e ovos)
O aporte insuficiente de vitaminas do complexo B, em particular B1 (tiamina), B2, B6, ácido fólico e vitamina B12 está associado a hiperhomocisteinemia (elevados níveis de homocisteína) e a défices cognitivos.
A homocisteína, quando presente no tecido cerebral, parece atuar como uma neurotoxina e na vascularização dos neurónios.
Neste contexto, os níveis de homocisteína no sangue podem ser minimizados através do ácido fólico e da vitamina B12, que são necessárias para a conversão da homocisteína em metionina, e da vitamina B6, que é necessária para a conversão de homocisteína em cisteína.
Daqui se depreende que défices nestas vitaminas levem a níveis elevados de homocisteína no sangue e maior toxicidade cerebral.
3. Vitamina E (azeite, sementes e frutos oleaginosos)
A vitamina E é um nutriente importante para o funcionamento dos neurónios, uma vez que é um dos constituintes da membrana destas células e um potente antioxidante.
Dentro dos alimentos fornecedores desta vitamina estão o azeite, as sementes de girassol, as nozes, amêndoas e avelãs e os cremes vegetais para barrar.
4. Vitamina D (peixes gordos)
Recentemente, tem surgido evidência científica que demonstra que a vitamina D beneficia o desempenho cognitivo, sendo que valores baixos desta vitamina estão associados a um maior risco de desenvolver demências, incluindo o Alzheimer.
A vitamina D pode ser encontrada nos peixes gordos, ovos e em pequena escala nos lacticínios. Além de aumentar o consumo deste tipo de alimentos, deve também aumentar a exposição solar de forma controlada, pois é a forma mais eficaz para a síntese endógena desta vitamina.
5. Selénio (bacalhau, frango e ovo)
O selénio desempenha um papel preponderante no combate ao stresse oxidativo, sendo um potente antioxidante. Como tal, é particularmente relevante na prevenção e progressão da doença de Alzheimer.
Este mineral pode ser encontrado em alimentos como o bacalhau, o peito de frango e o ovo.
No entanto, e mais uma vez, é importante que sejam realizados mais ensaios clínicos para provar de forma mais significativa o efeito deste mineral na prevenção e tratamento da doença.
6. Ácidos gordos Ómega-3 (peixes gordos, frutos gordos e sementes)
Vários estudos realizados neste âmbito mostraram existir uma influência positiva dos ácidos gordos ómega-3 no atraso do declínio cognitivo e na progressão da demência tipo Alzheimer.
Efetivamente, este tipo de ácidos gordos tem uma ação anti-inflamatória essencial à prevenção e ao retardar da doença.
Os ácidos gordos ómega-3 estão amplamente disseminados na alimentação, sendo exemplo de alimentos que os contêm, como a sardinha, salmão e cavala, os frutos gordos, principalmente as nozes e as sementes, mais concretamente de linhaça e de chia.
7. Antioxidantes (frutas e hortícolas)
Além das vitaminas e minerais com ação antioxidante, existem outros compostos presentes na fruta e hortícolas que também apresentam esta propriedade.
Os frutos vermelhos (framboesas, mirtilos, morangos ou amoras) são um bom exemplo de alimentos rico em antioxidantes, que neutralizam e combatem os radicais livres.
8. Cafeína (chá e café)
Por último, nesta relação entre alimentação e alzheimer temos a cafeína. Estudos recentes têm demonstrado que a cafeína, quando consumida regularmente, tem efeitos benéficos contra algumas perturbações neurológicas, entre as quais a demência tipo Alzheimer.
Neste sentido, alimentos como o café e o chá, graças ao teor de cafeína, são um estimulante psicoativo que resulta num maior estado de alerta e melhor desempenho cognitivo.
A Autoridade Europeia de Segurança Alimentar recomenda, no entanto, que não se ultrapasse uma ingestão de 400mg de cafeína por dia.
Qual o melhor tipo alimentação para combater o Alzheimer?
A adoção de um padrão alimentar saudável com um consumo diário de fruta e hortícolas ricos em antioxidantes, a diminuição do consumo de gorduras saturadas e aumento das gorduras insaturadas (em particular ómega-3), o aumento do consumo semanal de peixe (em particular os peixes gordos), de frutos oleaginosos, leguminosas e cereais e a moderação do consumo de álcool parecem ser a melhor estratégia para a prevenção da doença de Alzheimer.
Todas estas recomendações podem resumir-se na dieta mediterrânica, que, atualmente, parece ser o melhor elo de ligação entre alimentação e Alzheimer e o melhor meio de prevenção da doença.