Os adoçantes artificiais são opções com baixo ou nulo valor energético (calorias) que são usados em substituição do açúcar, para adoçar alimentos ou bebidas.
Grande parte dos adoçantes disponíveis no mercado oferecerem um sabor doce sem as calorias associadas ao açúcar. Ou seja, como são necessárias pequenas quantidades para induzir o sabor doce, a sua contribuição do ponto de vista calórico é muitas vezes insignificante quando comparado com o açúcar.
Os adoçantes artificiais vendem-se na forma líquida, em pó ou em pastilhas, e podem ainda ser encontrados em produtos como refrigerantes, néctares, iogurtes, gelatina – em versão light, zero ou sem açúcar.
Do ponto de vista energético, optar por estas versões faz algum sentido, na medida em que fornecem bastante menos calorias (desde metade das do produto original até praticamente nenhumas).
Os adoçantes artificiais são seguros?
Existe uma enorme polémica em volta dos adoçantes artificiais e dos seus possíveis efeitos negativos a longo prazo.
Contudo, é de notar que os adoçantes artificiais (ou edulcorantes) só podem ser usados na alimentação após rigorosa avaliação por instituições científicas competentes, nomeadamente o Comité Científico da Alimentação Humana (CCAH), a European Food Safety Authority e o Joint FAO/WHO Expert Committee on Food Additives (JECFA).
Segundo a Dr.ª Alexandra Bento, nutricionista e bastonária da Ordem dos Nutricionistas, “Esta avaliação envolve a análise de estudos idóneos de toxicidade aguda e crónica, estudos metabólicos, de reprodução, mutagenicidade e carcinogenicidade. Na análise dos dados toxicológicos estabelece-se ou corrige-se o valor da Ingestão Diária Admissível (ADI), expresso em mg/kg peso/dia. Este parâmetro é uma estimativa da quantidade de aditivo que poderia ser consumida todos os dias, durante toda a vida, sem risco significativo para a saúde.“
Quais os adoçantes artificiais mais utilizados?
Aspartame
O aspartame possui um baixo valor energético e é cerca de 200 vezes mais doce que o açúcar. É utilizado em todo o mundo como substituto do açúcar em inúmeros alimentos e bebidas, incluindo cereais, pastilhas elásticas sem açúcar, refrigerantes “zero” ou “sem açúcar” ou adoçante de mesa.
O aspartame tem sido bastante controverso desde que o seu uso foi aprovado por vários países europeus nos anos 80. Um relatório de 1996 sugeriu uma ligação entre o aspartame e um aumento do número de tumores cerebrais diagnosticados. Contudo, o estudo tinha pouca base científica e estudos posteriores mostraram que o aspartame era seguro para consumo humano.
Após mais estudos polémicos que sugeriam a ligação deste edulcorante a várias patologias, nomeadamente do foro oncológico, seguiu-se uma revisão extensiva da European Food Safety Authority (EFSA) que conclui que o aspartame era seguro para consumo humano, inclusive para grávidas e crianças.
Em termos digestivos, o aspartame é rapidamente e completamente quebrado em vários compostos, entre os quais a fenilalanina, que por sua vez entram no nosso sistema de forma natural
Deste modo, a EFSA salientou que o aspartame não é seguro para pessoas com fenilcetonúria – uma doença genética rara na qual o organismo não tem capacidade de metabolizar a fenilalanina.
- Ingestão diária aceitável: 40mg/kg peso corporal
Sacarina
A sacarina foi descoberta nos Estados Unidos em 1879 e é o mais antigo dos adoçantes artificiais. Não possui calorias e é cerca de 300 a 400 vezes mais doce do que o açúcar. Algumas pessoas acham que tem um gosto amargo e/ou metálico.
Existem vários alimentos e bebidas com sacarina adicionada, incluindo produtos de pastelaria, pastilha elástica e adoçante de mesa. A sacarina é também utilizada em produtos de cosmética, como pasta de dentes e lip gloss, assim como a alguma vitaminas e medicamentos.
A sacarina não é quebrada quando é digerida, sendo lentamente absorvida pelo organismo e excretada pelos rins.
Também a sacarina já passou por um apertado controlo depois de ter sido associada a vários tipos de cancro, sendo que atualmente é considerada segura para consumo humano.
- Ingestão diária aceitável: 5mg/kg peso corporal
Sucralose
A sucralose faz parte do grupo de adoçantes artificiais, deriva da sacarose e tem um poder adoçante cerca de 600 a 700 vezes superior ao do açúcar.
É valorizada por não possuir um gosto amargo. Encontra-se em vários produtos como refrigerantes, pastilha elástica, molhos para salada ou cereais de pequeno-almoço. Por ser muito doce, é frequentemente misturada com outros produtos adoçantes que não são isentos de calorias, como a dextrose, de modo a diluir o sabor doce.
Quando é consumida, a maioria da sucralose não é absorvida pelo organismo e é excretada pela urina.
Também a sucralose não esteve livre da “má fama”, tendo sido associada a dores de cabeça ou ao facto de ter efeitos negativos no sistema imunitário. Contudo, uma revisão feita em 2000 concluiu que a sucralose é segura para consumo humano.
- Ingestão diária aceitável: 15mg/kg peso corporal
Os adoçantes artificiais são saudáveis?
Os adoçantes artificiais podem efetivamente ser seguros, mas será que são uma opção saudável? A indústria alimentar publicita os adoçantes como algo que pode ajudar a prevenir cáries dentárias, a controlar níveis de glicose no sangue e ajudar a reduzir o consumo de “calorias” no dia-a-dia.
Algumas questões relacionadas com o uso de edulcorantes e os seus efeitos a nível metabólico no organismo têm sido levantadas e estão a ser continuamente estudadas.
É de referir que os edulcorantes imitam o açúcar no que diz respeito ao sabor, contudo, depois de ingeridos não estimulam o mesmo tipo de respostas (responsáveis pelo esvaziamento gástrico e supressão do apetite) que o açúcar.
Existem ainda outras questões a ser estudadas e por comprovar, como, por exemplo, o facto de os adoçantes providenciarem o sabor doce mas não fornecerem as “calorias” correspondentes, fazendo com que a procura por alimentos doces persista.
Conclusão
Os adoçantes artificiais não são substâncias inócuas no organismo, embora possam ter algumas vantagens se usadas devidamente, nomeadamente na gestão do peso corporal.
A não esquecer
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