Devido à pandemia, a palavra vacina passou a ser tema de inúmeras conversas e pesquisas. Este ano, o apelo à vacinação é uma constante, mais precisamente à toma da vacina da gripe e da vacina pneumocócica. Mas, sabe qual é a real importância da vacinação?
Qual é a importância da vacinação?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a importancia da vacinação assenta em 7 pilares fundamentais (2):
As vacinas salvam vidas
Antes da introdução da vacinação de rotina das crianças, as doenças infeciosas eram a principal causa de morte na infância.
A vacinação é um direito básico de todos os cidadãos
Com a criação dos programas nacionais de vacinação, conseguiu-se atingir uma percentagem elevada de cidadãos vacinados contra as doenças alvo desses programas. Conseguiu-se, ainda, controlar as doenças evitáveis pela vacinação, diminuindo o número de mortos e de incapacidades.
Os surtos de doenças evitáveis pela vacinação são ainda uma série ameaça para todos
Atualmente, devido ao sucesso dos programas de vacinação, a maioria das pessoas desconhece a gravidade das doenças evitáveis pela vacinação, não se apercebendo da importância e dos ganhos conferidos pelas vacinas.
No entanto, alguns microrganismos responsáveis pelas doenças evitáveis pela vacinação continuam a existir na comunidade, sendo uma ameaça à saúde de todos os que não estão protegidas pelas vacinas.
A título de exemplo, temos os surtos de sarampo na Europa que ocorrem maioritariamente em pessoas não vacinadas.
As doenças podem ser controladas e eliminadas
Com uma vacinação sustentada e em grande escala, as doenças como o sarampo podem ser eliminadas da Europa, à semelhança do que ocorreu com a poliomielite e como já sucedeu com a varíola.
Para isso, é necessário que o maior número de pessoas adira aos programas nacionais de vacinação.
A vacinação é custo-efetiva
O seu custo compensa largamente os custos associados ao tratamento das doenças e das suas complicações.
As crianças dependem do sistema de saúde dos respetivos países para terem acesso à vacinação gratuita e segura
Os programas nacionais de vacinação permitem que todas as pessoas recebam as vacinas de acordo com a sua idade e em serviços de saúde competentes.
Todas as crianças devem ser vacinadas
Para se conseguir controlar uma doença, é necessária uma grande proporção de pessoas vacinadas. A eliminação do sarampo, por exemplo, requer que pelo menos 95% das pessoas estejam vacinadas. Cada pessoa não vacinada corre o risco de adoecer e aumenta o risco de transmitir a doença na comunidade.
Como funcionam as vacinas?
Uma vacina é uma preparação de antigénios (agentes estranhos ao organismo), que quando administrada a uma pessoa, provoca uma resposta protetora do seu sistema imunitário.
Os antigénios podem ser vírus ou bactérias inteiros ou fragmentados, mortos ou atenuados, que quando administrados à pessoa são suficientes para provocar a resposta imunitária, mas não lhe causar a doença.
Assim, as vacinas são consideradas medicamentos. No entanto, possuem características distintas da medicação habitual usada para tratar doenças, nomeadamente:
- A sua ação é preventiva
- O benefício da sua administração é coletivo e individual
- São administradas a pessoas saudáveis
Como são produzidas as vacinas?
As vacinas são preparações seguras realizadas em laboratório. Os processos de produção são diversos, tais como:
- Enfraquecendo o microrganismo através de culturas sucessivas (como por exemplo, a vacina contra o sarampo, rubéola e papeira).
- Extraindo do microrganismo as partes que desencadeiam a resposta imunitária (como por exemplo, a vacina contra a meningite C).
- Inativando a toxina que o microrganismo produz (é exemplo, a vacina contra o tétano).
Ainda em alguns casos, podem ser incluídas na mesma vacina vários microorganismos diferentes. São as chamadas vacinas combinadas, como é o caso da vacina contra a difteria, tétano e tosse convulsa.
Ao fim de quanto tempo após a administração da vacina fico protegido/a?
Depende da vacina administrada. Em alguns casos (como a vacina contra a difteria, tétano e tosse convulsa), são necessárias 3 doses para a sua proteção ser considerada total e deve ser reforçada ao longo do tempo. No entanto, acredita-se que 2 semanas após a administração de cada dose exista já uma proteção incompleta.
Para as restantes vacinas, pensa-se que a proteção total ocorre 2 semanas após a sua administração.
Quais são os efeitos secundários?
Regra geral, os efeitos secundários das vacinas são ligeiros e desaparecem sem a necessidade de tratamento. São eles:
- Dor e vermelhidão no local da injecção
- Febre
- Dor de cabeça
Em situações excecionais, podem ocorrer efeitos secundários mais graves. Por isso, é fundamental que aguarde nas instalações pelo menos 30 minutos após a administração da vacina para que seja assistido/a de imediato caso exista necessidade.
Caso esteja com febre ou sintomas de doença, deve informar o profissional de saúde antes da administração da vacina.
Plano Nacional de Vacinação EM PORTUGAL
O Plano Nacional de Vacinação (PNV), criado em 1965, é um programa gratuito e acessível a todas as pessoas residentes em Portugal.
Trata-se de uma medida de Saúde Pública que tem como principal objetivo a proteção da população, eliminando, controlando ou minimizando o impacto de doenças na comunidade.
A nível individual, pretende-se que a pessoa vacinada fique imune à doença ou, nos casos que isso não se verifique, a doença se manifeste de forma ligeira.
A administração de vacinas do Plano Nacional de Vacinação é feita por Enfermeiros, nas Unidades de Saúde Locais ou Hospitais.
Esquema Vacinal Recomendado
De acordo com as últimas atualizações do PNV, o esquema vacinal recomendado é (3):
Nascimento
- Hepatite B (1ª dose)
2 Meses
- Hepatite B (2ª dose)
- Haemophilus influenzae b (1ª dose)
- Difteria, tétano, tosse convulsa (1ª dose)
- Poliomielite (1ª dose)
- Streptococcus pneumoniae (1ª dose)
- Neisseria meningitidis B (1ª dose)
4 Meses
- Haemophilus influenzae b (2ª dose)
- Difteria, tétano, tosse convulsa (2ª dose)
- Poliomielite (2ª dose)
- Streptococcus pneumoniae (2ª dose)
- Neisseria meningitidis B (2ª dose)
6 Meses
- Hepatite B (3ª dose)
- Haemophilus influenzae b (3ª dose)
- Difteria, tétano, tosse convulsa (3ª dose)
- Poliomielite (3ª dose)
12 Meses
- Streptococcus pneumoniae (3ª dose)
- Neisseria meningitidis B (3ª dose)
- Neisseria meningitidis C (1ª dose)
- Sarampo, parotidite epidérmica, rubéola (1ª dose)
18 Meses
- Haemophilus influenzae b (4ª dose)
- Difteria, tétano, tosse convulsa (4ª dose)
- Poliomielite (4ª dose)
5 Anos
- Difteria, tétano, tosse convulsa (5ª dose)
- Poliomielite (5ª dose)
- Sarampo, parotidite epidérmica, rubéola (2ª dose)
10 Anos
- Vírus papiloma humano (Raparigas e Rapazes (nascidos ≥ 2009)), 1ª e 2ª dose com intervalo entre ambas de 6 meses
- Tétano e difteria
25, 45, 65, e após essa idade em intervalos de 10 anos
A partir dos 65 anos, recomenda-se a vacinação a todas as pessoas que tenham feito a última dose de tétano e difteria há 10 ou mais anos, sendo que as seguintes doses serão administradas em intervalos de 10 anos.
Grávidas
Independentemente da idade, entre as 20 e as 36 semanas de gestação, são vacinadas todas as grávidas contra a difteria, tétano e tosse convulsa, uma dose por gravidez.
Ainda, a vacina da gripe e a vacina pneumocócica são administradas de forma gratuita nas Unidades de Saúde Locais a todas as pessoas consideradas grupo de risco.
- Direção-Geral da Saúde (2020). Programa Nacional de Vacinação: Perguntas e respostas. Acedido a 28 de Outubro de 2020. Disponível em: https://www.dgs.pt/paginas-de-sistema/saude-de-a-a-z/programa-nacional-de-vacinacao/perguntas-e-respostas.aspx
- Organização Mundial de Saúde (2020). Vaccines and immunization: Q&A. Acedido a 29 de Outubro de 2020. Disponivel em: https://www.who.int/news-room/q-a-detail/vaccines-and-immunization-what-is-vaccination
- Direção-Geral da Saúde (2020). Programa Nacional de Vacinação: Esquema geral recomendado. Disponível em: https://www.dgs.pt/ficheiros-de-upload-2013/pnv-esquema-recomendado-pdf11.aspx